31 de janeiro de 2011

Agora é a hora




Irã: por que não? (parte 2 - a decisão)

O título desta postagem é para referenciar uma outra que escrevi de mesmo nome em junho de 2010 (http://www.coordenadaxy.com/2010/06/ira-por-que-nao.html). Naquela ocasião estava tomando a decisão de um turismo pela região da Pérsia, algo com duração de apenas 2 semanas.

Passada toda a experiência no local e a certeza de que o Irã é um país muito menos repressor do que apresentam na TV, veio a tão esperada decisão: final de 2010 era tempo de tomarmos a decisão de onde moraríamos nos próximos 2 anos (não mais semanas). O Rafael tinha em mãos uma lista de países para ir trabalhar. Destes, apenas postos dos mais incomuns na África e Oriente Médio. Neste contexto, entre idas e vindas, e crises existenciais ("ser ou não ser desempregada?"), decidimos por um revivel* de maior duração no Irã. Uma decisão nada fácil para mim, já que ainda não tenho muitas idéias de como será minha ocupação por lá. Para o Rafael já vai ser bem fácil: cinco dias por semana ele estará na embaixada resolvendo quase tudo em português e em inglês. Eu vou ter que recriar minha vida em Farsi ou em inglês com as raras pessoas que falam outra língua (igual no Brasil, normalmente apenas as pessoas com nível superior falam inglês).

Mas este tipo de desafio me dá a sensação das corridas de aventura: novidades, coisas inesperadas, desafio e superação. Falando em esportes, tive que vender minha linda mountain bike, já que no Irã mulheres não pedalam bicicletas. Ainda não sei se há uma lei proibindo ou se é um costume, mas fato é que não pedalam! E eu não ia atravessar o Atlântico com ela para deixá-la encostada. Lá se vai mais um apego material...

Praticando o desapego: vendi minha bike companheira de aventuras... snif, snif

Saí do emprego que era feliz, estou vendendo meu carro e alugando o apartamento. A palavra de ordem é "desapego".

Muitas despedidas: dos amigos, da família e da cidade que visitarei apenas como turista a partir de agora. Haja coração...

Comprei um enxoval novo de cama, mesa e banho (informações locais avisaram-se que lá dificilmente encontram-se artigos com algodão) e fiz um  "rancho" (supermercado) gigantesco com produtos brasileiros para despachar no container (ver lista no final).
Agora está tudo pronto (assim espero). Amanhã chega a empresa de mudança e tudo o que eu tenho será transportado num caixote de 18 m3 pelo oceano. A previsão é que chegará dentro de uns 3 meses devido às sanções (infelizmente não rola um passaporte diplomático para a mudança).


Entre os produtos, cito aqui uma lista para os amigos que também partirão para o exterior ou só por curiosidade dos que ficam:
  • guaraná antártica;
  • leite condensado;
  • creme de leite;
  • leite de coco;
  • coco ralado;
  • geléia de banana;
  • paçoca e pé de moleque;
  • maisena;
  • polvilho (doce e azedo);
  • chocolate granulado;
  • café embalado a vácuo;
  • feijão preto;
  • farinha de mandioca;
  • erva mate (coisa do Rafael);
  • sabão de coco;
  • cremes e xampu da marca preferida;
  • papel higiênico! (não que não tenha, mas já nos advertiram que é bem caro: ~ 2 dólares o rolo. O costume local não usa.)

*revivel é uma expressão em inglês que significa: reapresentação; renascimento; revivificação.
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