"O objetivo do viajante é seguir rumo ao desconhecido. A melhor viagem é um salto no escuro. Se o destino fosse conhecido e hospitaleiro, qual seria o sentido de ir até lá?"
Paul Theroux em seu livro "O Safari da Estrela Negra - Uma Viagem Através da África".
27 de março de 2011
26 de março de 2011
Safari ao Lago Turkana (norte do Quênia) - dia 8 de 8 (18/02/2011)
De Maralal a Nairobi a estrada melhorou um pouco, mas eu estava sentindo todos os ossos das minhas costas devido ao dia anterior. Pedi inclusive para sentar na frente, pois eu realmente estava com dores.
Também neste dia não havia muita programação além da estrada. O jeito era sentar no carro por horas e horas. No caminho nos despedimos e deixamos os 2 militares em suas bases.
Uma única parada foi bastante agradável, onde visitamos a cachoeira Thomson e compramos alguns sanduiches para ir comendo no trajeto. O grupo estava com pressa pois alguns tinham que pegar um trem no fim do dia em Nairobi.
Visão geral da expedição:
Apesar de nos meus relatos dos 8 dias de expedição ao lago Turkana eu ter detalhado as dificuldades que passamos e até a falta de sorte em alguns pontos, é importante que eu deixe registrado o quanto foi impressionante e enriquecedor a experiência. Ver e sentir situações tão adversas e ter uma real impressão do que é a vida no interior da África abre a mente para muitos questionamentos sobre nossa existência e a de pessoas tão diferentes de nós.
Durante esta mesma expedição, li um livro que questionava a ajuda humanitária na África de maneira muito pragmática e confesso que no momento não tenho uma resposta sobre se deveríamos ou não intervir naquelas vidas. Vi muitas pessoas "cobrando" que déssemos ajuda financeira e alimentar. Vi que apenas estrangeiros brancos (ou na sua maior parte) trabalham nas ONGs. A associação de que homem branco dá comida é imediata e natural para estas pessoas. Não há incentivo ao desenvolvimento e há décadas estamos dando tudo a eles. Por outro lado, muitas vezes a própria natureza os massacra e milhares de pessoas voltam a morrer de fome se não os ajudarmos.
Mas como ajudar?
Há relatos de várias ajudas fracassadas, como o caso de uma ONG alemã que construiu centenas de casas lindas de 2 andares para uma tribo, mas o resultado foi um fiasco: não havia local para colocar as cabras dentro de casa e as pessoas voltaram às suas choupanas! O homem "civilizado" vai até a África, não consulta ninguém e espera que suas tecnologias e costumes sejam os mesmos dos locais. Mas não são nem de perto!
Outros relatam de casos de bombas de água que são instaladas para ajudar uma tribo, funcionando muito bem no princípio, fazendo as pessoas pararem de manter possos artesianos e a ir buscar água há quilômetros de distância. Um belo dia a bomba estraga e não há quem a conserte. De uma hora para a outra, uma tecnologia que deveria ajudar, faz toda uma população começar a passar sede pois a tribo passa a esperar pela ajuda do homem branco e o posso antigo já está seco.
Vi que a intervenção em uma cultura milenar de subsistência pode ser um grande erro. Pode ser...
Pode também ser a salvação em grandes períodos de seca. Pode ser...
Eu não sei.
Trajeto percorrido nos 8 dias de expedição ao Lago Turkana:
Também neste dia não havia muita programação além da estrada. O jeito era sentar no carro por horas e horas. No caminho nos despedimos e deixamos os 2 militares em suas bases.
Uma única parada foi bastante agradável, onde visitamos a cachoeira Thomson e compramos alguns sanduiches para ir comendo no trajeto. O grupo estava com pressa pois alguns tinham que pegar um trem no fim do dia em Nairobi.
Visão geral da expedição:
Apesar de nos meus relatos dos 8 dias de expedição ao lago Turkana eu ter detalhado as dificuldades que passamos e até a falta de sorte em alguns pontos, é importante que eu deixe registrado o quanto foi impressionante e enriquecedor a experiência. Ver e sentir situações tão adversas e ter uma real impressão do que é a vida no interior da África abre a mente para muitos questionamentos sobre nossa existência e a de pessoas tão diferentes de nós.
Durante esta mesma expedição, li um livro que questionava a ajuda humanitária na África de maneira muito pragmática e confesso que no momento não tenho uma resposta sobre se deveríamos ou não intervir naquelas vidas. Vi muitas pessoas "cobrando" que déssemos ajuda financeira e alimentar. Vi que apenas estrangeiros brancos (ou na sua maior parte) trabalham nas ONGs. A associação de que homem branco dá comida é imediata e natural para estas pessoas. Não há incentivo ao desenvolvimento e há décadas estamos dando tudo a eles. Por outro lado, muitas vezes a própria natureza os massacra e milhares de pessoas voltam a morrer de fome se não os ajudarmos.
Mas como ajudar?
Há relatos de várias ajudas fracassadas, como o caso de uma ONG alemã que construiu centenas de casas lindas de 2 andares para uma tribo, mas o resultado foi um fiasco: não havia local para colocar as cabras dentro de casa e as pessoas voltaram às suas choupanas! O homem "civilizado" vai até a África, não consulta ninguém e espera que suas tecnologias e costumes sejam os mesmos dos locais. Mas não são nem de perto!
Outros relatam de casos de bombas de água que são instaladas para ajudar uma tribo, funcionando muito bem no princípio, fazendo as pessoas pararem de manter possos artesianos e a ir buscar água há quilômetros de distância. Um belo dia a bomba estraga e não há quem a conserte. De uma hora para a outra, uma tecnologia que deveria ajudar, faz toda uma população começar a passar sede pois a tribo passa a esperar pela ajuda do homem branco e o posso antigo já está seco.
Vi que a intervenção em uma cultura milenar de subsistência pode ser um grande erro. Pode ser...
Pode também ser a salvação em grandes períodos de seca. Pode ser...
Eu não sei.
Trajeto percorrido nos 8 dias de expedição ao Lago Turkana:
Safari ao Lago Turkana (norte do Quênia) - dia 7 de 8 (17/02/2011)
Arrumar as choupanas para ir embora. Agora era o momento de iniciar o retorno depois de uma última foto com todo o grupo:
O penúltimo dia da expedição foi massacrante. Era o retorno para Nairobi sem nenhum grande atrativo pelo caminho. O pessoal da área de rally de carro deveria conhecer a estrada para realizar um prova por lá. Passamos mais de 7 horas chacoalhando dentro do carro. O corpo doía. Coleman, o Canadense de 65 anos, passou mal e sentou mais na frente. Rafael e eu, bobeamos e acabamos sentando na traseira do carro onde a coisa era pior.
Foi um dia "perdido" de estrada entre as cidades de Loyangalani (Lago Turkana) e Maralal.
Da esquerda para a direita: Momo/ Gabriel (o cozinheiro), Stephen (nosso guia), Rafael, eu, Coleman, Christine, Jessica, Angela (a Barbie que relatei nos dias anteriores) e Linn. |
O penúltimo dia da expedição foi massacrante. Era o retorno para Nairobi sem nenhum grande atrativo pelo caminho. O pessoal da área de rally de carro deveria conhecer a estrada para realizar um prova por lá. Passamos mais de 7 horas chacoalhando dentro do carro. O corpo doía. Coleman, o Canadense de 65 anos, passou mal e sentou mais na frente. Rafael e eu, bobeamos e acabamos sentando na traseira do carro onde a coisa era pior.
Foi um dia "perdido" de estrada entre as cidades de Loyangalani (Lago Turkana) e Maralal.
Safari ao Lago Turkana (norte do Quênia) - dia 6 de 8 (16/02/2011)
Eram por volta das 3 da manhã quando finalmente um ventinho fresco começou a entrar pela porta da choupana. Pude dormir um pouco com a brisa, mas voltei a acordar com relâmpagos. Seria chuva mesmo que estava por vir? A última tinha acontecido em abril de 2010, quase um ano atrás.
De fato, pouco tempo depois, começou a chover, e muito forte. Em poucos minutos começaram a aparecer as goteiras dentro de nossa choupana, em cima das camas e de nossas roupas e mochilas. Levantamos rapidamente e começamos a ensacar tudo. A solução otimizada para reduzir a área que seria molhada foi empilhar todas as mochilas, deixando a do Rafael, que tinha capa de chuva, por cima. Vesti meu corta vento e colocamos os colchões em pé para não pegar tantas goteiras. O vento soprava forte e tivemos que colocar um galão de água como peso para segurar a porta de esteira. Eu ria muito daquela situação e falava: "...e ainda estamos pagando para estar aqui". hahaha
Quando a chuva reduziu, colocamos os colchões de volta e tentamos dormir. As goteiras já não eram mais tantas e eu estava cansada.
O dia amanheceu com chuva leve. Ir ao banheiro sem teto se tornou uma aventura ainda maior. Algumas choupanas que ainda estavam em construção tinham se desfeito parcialmente. Não tinha onde sentar no café da manhã, pois tudo estava molhado.
Fomos visitar a vila El-Molo ainda garoando. No caminho, dezenas de rios tinham se formado onde antes era pura areia e pedras. Mas as pessoas estavam felizes! Vi uma mulher com os seios a mostra, vestindo apenas uma saia, dançando na beira de um rio que tinha se formado. Parecia ser uma celebração.
Ao chegarmos na vila, muitas crianças vieram ao nosso encontro. Restos de latas de comida de ajuda humanitária dos Estados Unidos estavam por toda parte.
É difícil ver pessoalmente a condição destas crianças. Especialmente porque parece que pedem para ser levadas contigo. Um dos menores meninos que estava na vila, logo pegou na minha mão com tanta firmeza que só me largou quando eu tive que ir embora. Vendo-o caminhar na chuva com seus pezinhos descalços naquelas pedras, era de cortar o coração, mas apesar disso ele me olhava com aquele jeito inocente das crianças e sorria.
Durante a visita vimos peixes abertos postos a secar, partoreiros cuidando de suas cabras, mulheres cuidando de suas crianças e vendendo artesanato. Felizmente hoje em dia, a ajuda humanitária trás água potável para a vila. Em um passado recente, todos bebiam a água alcalina do lago, o que causava altas perdas de cálcio na população, claramente perceptível pelos dentes de cor marrom e pernas mais curtas dos adultos.
De fato, pouco tempo depois, começou a chover, e muito forte. Em poucos minutos começaram a aparecer as goteiras dentro de nossa choupana, em cima das camas e de nossas roupas e mochilas. Levantamos rapidamente e começamos a ensacar tudo. A solução otimizada para reduzir a área que seria molhada foi empilhar todas as mochilas, deixando a do Rafael, que tinha capa de chuva, por cima. Vesti meu corta vento e colocamos os colchões em pé para não pegar tantas goteiras. O vento soprava forte e tivemos que colocar um galão de água como peso para segurar a porta de esteira. Eu ria muito daquela situação e falava: "...e ainda estamos pagando para estar aqui". hahaha
Quando a chuva reduziu, colocamos os colchões de volta e tentamos dormir. As goteiras já não eram mais tantas e eu estava cansada.
O dia amanheceu com chuva leve. Ir ao banheiro sem teto se tornou uma aventura ainda maior. Algumas choupanas que ainda estavam em construção tinham se desfeito parcialmente. Não tinha onde sentar no café da manhã, pois tudo estava molhado.
Fomos visitar a vila El-Molo ainda garoando. No caminho, dezenas de rios tinham se formado onde antes era pura areia e pedras. Mas as pessoas estavam felizes! Vi uma mulher com os seios a mostra, vestindo apenas uma saia, dançando na beira de um rio que tinha se formado. Parecia ser uma celebração.
Ao chegarmos na vila, muitas crianças vieram ao nosso encontro. Restos de latas de comida de ajuda humanitária dos Estados Unidos estavam por toda parte.
Chegada à vila El-Molo. |
Vila El-Molo. |
Casa de palha com porta feita das latas de alimentos recebidas dos EUA. |
Crianças com roupas doadas.O pequenino ao meu lado acompanhou-me durante toda a visita. |
O pequenino ficou comigo durante toda a visita. |
Achei linda esta foto! |
Mulheres vendendo colares com missangas coloridas. |
Objeto tradicional dos pastoreiros: banquinho para sentar e colocar a cabeça para dormir. ("melhor do que se encostar nas pedras" - justificavam) |
Pastoreiro com suas cabras, cajado e "banquinho" de sentar e deitar. |
No fim da tarde fizemos um passeio de barco que nem todo mundo da turma encarou. Não foi nada demais, e nem vimos os famosos crocodilos de perto.
Fim de tarde no lago Turkana |
Safari ao Lago Turkana (norte do Quênia) - dia 5 de 8 (15/02/2011)
Eu queria sair daquele acampamento quente. Desarmei a barraca com pressa pois a cada minuto o sol começava a ser tornar mais presente.
No caminho deste quinto dia de expedição, paramos numa vila para dar uma volta a pé e comprar o que mais anunciavam nos mercadinhos em letras grandes e coloridas: COLD DRINKS. Para nossa decepção, as geladeiras estavam desligadas para economizar a energia que os painéis fotovoltaicos proviam para as baterias. Os refrigerantes estavam poucos graus a menos que a temperatura ambiente, mas o suficiente para prover uma sensação refrescante. Era um alívio para o grande calor que fazia e uma recompensa pelo desconforto das últimas 24 horas. Eu nem me importava de me entupir com refrigerantes que não eram diet.
Ao redor do mercado, algumas dezenas de homens sem nada para fazer, sentados à pequena sombra da casa. Conversamos com um deles que tinha um inglês razoável (dizia que era guia) e tiramos fotos. Quando mostrei as fotos a eles, começaram a rir muito e a conversar entre eles sem que eu pudesse entender. Depois me esclareceram que estavam rindo da minha cor, pois, segundo eles, eu era demasiadamente branca.
O mesmo rapaz com o inglês bom, pediu ao Rafael que desse o boné que estava usando de presente a ele. Rafael teve que explicar que como era branco, precisava do acessório muito mais do que ele. Mas prometeu que em um futuro retorno àquela turística vila, daria o boné a ele. Novas risadas...
Novamente pegamos a "estrada" e atravessamos novos cenários de deserto. Deserto de areia, deserto de pedras, deserto com palmeiras,... Era uma nova região sem a presença humana. Porém apenas aparentemente não havia pessoas.
A cada parada que fazíamos, fosse para bater fotos, fosse para ir ao "matinho"/ banheiro, em poucos minutos apareciam pessoas caminhando em nossa direção. Pastoreiros e crianças surgiam como que por mágica, para nos observar ou pedir comida e água.
Este tipo de "visita" inesperada aconteceu com maior intensidade na nossa parada para almoço, quando permanecemos mais tempo no mesmo lugar. Paramos com o carro embaixo de uma linda árvore que nos provia uma sombra agradável. O cozinheiro logo pôs-se a trabalhar e ficamos aguardando nossa refeição. Ao redor, não havia qualquer indício da existência de pessoas na região.
Enquanto almoçávamos, algumas pessoas da tribo Turkana foram aparecendo no horizonte. Vinham caminhando ao nosso encontro e paravam acocorados a poucos metros de nós. De alguma forma eles nos enxergavam de longe.
Nosso guia não era muito receptivo e não queria dar nossos restos de comida a eles. Dizia: "Você dá comida para 2 e outros 4 virão." Mas jogar a comida fora é que não fazia sentido.
Ele tinha um pouco de razão: demos a comida aos poucos que ali estavam e logo surgiram outras pessoas vindo do horizonte. Mulheres com bebês nas costas, crianças quase peladas e idosos. Como será que nos viam de tão longe? Pediam mais comida.
Também pediram com insistência a nossa água. Demos uma garrafa e nos pediram mais. Pediam até nossas garrafas vazias, provavelmente para terem recipientes para estocar água depois. Como nossa próxima parada era em um acampamento na beira do lago Turkana, demos a água que estava nos galões para lavar a louça. Não era água que beberíamos.
Enquanto não íamos embora, eles continuavam a pedir mais coisas. Não adiantava dizer que também precisávamos de água para nossa viagem.
Bati algumas fotos deste momento, mas não muitas, pois eles não gostam e alguns ficam brabos (acreditam que estamos roubando o espírito deles).
ACAMPAMENTO NO LAGO TURKANA
Nossa acampamento no lago Turkana era coisa de cinema. Choupanas típicas de palha, cada uma com 2 camas de tábuas estreitas e colchão, construídas a beira do lago cor turquesa. Lindo. A porta era apenas uma esteira, presa no alto da entrada e que balançava com o vento.
Dentro a temperatura era mais agradável que do lado de fora: os caseiros do acampamento tinham jogado água no chão para refrescar. A evaporação desta água dava uma sensação agradável de frescor.
Os banheiros eram feitos com paredes de palha, sem teto. Da mesma forma eram feitos os chuveiros, providos com água do próprio lago (para horror das estrangeiras europeias que argumentavam que o lago tinha parasitas). Como estes ambientes não tinham porta, apenas um anteparo, era preciso colocar algo pendurado na frente para sinalizar a presença de alguém, ou então fazer algum barulho de advertência.
Caminhamos, eu e o Rafa, na beira do lago. Vimos pescadores puxando suas redes cheias de peixes. Suas embarcações eram troncos amarrados, tipo jangadas, e eles enfrentavam o lago cheio de crocodilos com muita tranquilidade.
Nós fomos advertidos a não entrar no lago, pois os crocodilos eram perigosos. No entanto, as crianças da região banhavam-se e brincavam na água: os locais conseguiam avistar os crocodilos a grandes distâncias.
Durante nosso passeio a beira do lago, vimos 2 caminhonetes paradas com turistas. Fomos cumprimentá-los e formos muito bem recebidos. Ofereceram a nós cerveja super gelada (eles tinham a caminhonete cheia de isopores com gelo, abastecidas com cerveja, vinho e refrigerantes). Era a bebida mais gelada que tínhamos tomado nos últimos dias e aceitamos com muita alegria. Delícia.
O fim de tarde estava espetacular, apesar do calor. Abrimos um vinho para brindar o alcance de nosso objetivo: chegar ao lago Turkana. Uma região tão remota que até os quenianos da capital nos questionavam para que fazer tamanha empreitada. Mas o lugar realmente era incrível e o esforço tinha valido a pena. Tínhamos lua cheia e vi uma enorme estrela cadente caindo no lago.
Ao irmos nos deitar, percebi que seria outra noite de sacrifício com o calor. Não tínhamos vento e eu suava muito na choupana. Estava muito abafado dentro, o contrário da sensação durante o dia. Tentei meditar para ver se eu esquecia aquele calor e deixava de sentir meu corpo, mas a técnica não é meu forte.
Achei que eu ia passar outra noite em claro sofrendo com o calor, mas eu estava enganada, seriamente enganada...
No caminho deste quinto dia de expedição, paramos numa vila para dar uma volta a pé e comprar o que mais anunciavam nos mercadinhos em letras grandes e coloridas: COLD DRINKS. Para nossa decepção, as geladeiras estavam desligadas para economizar a energia que os painéis fotovoltaicos proviam para as baterias. Os refrigerantes estavam poucos graus a menos que a temperatura ambiente, mas o suficiente para prover uma sensação refrescante. Era um alívio para o grande calor que fazia e uma recompensa pelo desconforto das últimas 24 horas. Eu nem me importava de me entupir com refrigerantes que não eram diet.
Ao redor do mercado, algumas dezenas de homens sem nada para fazer, sentados à pequena sombra da casa. Conversamos com um deles que tinha um inglês razoável (dizia que era guia) e tiramos fotos. Quando mostrei as fotos a eles, começaram a rir muito e a conversar entre eles sem que eu pudesse entender. Depois me esclareceram que estavam rindo da minha cor, pois, segundo eles, eu era demasiadamente branca.
O mesmo rapaz com o inglês bom, pediu ao Rafael que desse o boné que estava usando de presente a ele. Rafael teve que explicar que como era branco, precisava do acessório muito mais do que ele. Mas prometeu que em um futuro retorno àquela turística vila, daria o boné a ele. Novas risadas...
Deserto de areia, de pedras e com palmeiras. |
Parada na vila para comprar bebidas "geladas". |
Conversando com os locais, que comentaram e riram: "você é muito branca". |
Novamente pegamos a "estrada" e atravessamos novos cenários de deserto. Deserto de areia, deserto de pedras, deserto com palmeiras,... Era uma nova região sem a presença humana. Porém apenas aparentemente não havia pessoas.
A cada parada que fazíamos, fosse para bater fotos, fosse para ir ao "matinho"/ banheiro, em poucos minutos apareciam pessoas caminhando em nossa direção. Pastoreiros e crianças surgiam como que por mágica, para nos observar ou pedir comida e água.
Este tipo de "visita" inesperada aconteceu com maior intensidade na nossa parada para almoço, quando permanecemos mais tempo no mesmo lugar. Paramos com o carro embaixo de uma linda árvore que nos provia uma sombra agradável. O cozinheiro logo pôs-se a trabalhar e ficamos aguardando nossa refeição. Ao redor, não havia qualquer indício da existência de pessoas na região.
Enquanto almoçávamos, algumas pessoas da tribo Turkana foram aparecendo no horizonte. Vinham caminhando ao nosso encontro e paravam acocorados a poucos metros de nós. De alguma forma eles nos enxergavam de longe.
Nossa parada para almoço. Momentos antes de recebermos as visitas. |
Ele tinha um pouco de razão: demos a comida aos poucos que ali estavam e logo surgiram outras pessoas vindo do horizonte. Mulheres com bebês nas costas, crianças quase peladas e idosos. Como será que nos viam de tão longe? Pediam mais comida.
Também pediram com insistência a nossa água. Demos uma garrafa e nos pediram mais. Pediam até nossas garrafas vazias, provavelmente para terem recipientes para estocar água depois. Como nossa próxima parada era em um acampamento na beira do lago Turkana, demos a água que estava nos galões para lavar a louça. Não era água que beberíamos.
Enquanto não íamos embora, eles continuavam a pedir mais coisas. Não adiantava dizer que também precisávamos de água para nossa viagem.
Bati algumas fotos deste momento, mas não muitas, pois eles não gostam e alguns ficam brabos (acreditam que estamos roubando o espírito deles).
Três pessoas da tribo Turkana e um de nossos seguranças. |
Eu fazendo contato. Contrastes... |
Repassando nossa sobra de água. |
Do carro, nos despedimos das mulheres e das desnudas crianças. |
ACAMPAMENTO NO LAGO TURKANA
Nossa acampamento no lago Turkana era coisa de cinema. Choupanas típicas de palha, cada uma com 2 camas de tábuas estreitas e colchão, construídas a beira do lago cor turquesa. Lindo. A porta era apenas uma esteira, presa no alto da entrada e que balançava com o vento.
Dentro a temperatura era mais agradável que do lado de fora: os caseiros do acampamento tinham jogado água no chão para refrescar. A evaporação desta água dava uma sensação agradável de frescor.
Lago Turkana. Ao fundo é uma das ilhas, pois a margem do outro lado não é possível de ver. |
Nosso acampamento. A frente era o refeitório, e ao fundo as choupanas onde dormíamos. |
Nossa choupana por 2 noites. |
Os banheiros eram feitos com paredes de palha, sem teto. Da mesma forma eram feitos os chuveiros, providos com água do próprio lago (para horror das estrangeiras europeias que argumentavam que o lago tinha parasitas). Como estes ambientes não tinham porta, apenas um anteparo, era preciso colocar algo pendurado na frente para sinalizar a presença de alguém, ou então fazer algum barulho de advertência.
Caminhamos, eu e o Rafa, na beira do lago. Vimos pescadores puxando suas redes cheias de peixes. Suas embarcações eram troncos amarrados, tipo jangadas, e eles enfrentavam o lago cheio de crocodilos com muita tranquilidade.
Nós fomos advertidos a não entrar no lago, pois os crocodilos eram perigosos. No entanto, as crianças da região banhavam-se e brincavam na água: os locais conseguiam avistar os crocodilos a grandes distâncias.
Jangada e rede de pesca no lago Turkana. |
Durante nosso passeio a beira do lago, vimos 2 caminhonetes paradas com turistas. Fomos cumprimentá-los e formos muito bem recebidos. Ofereceram a nós cerveja super gelada (eles tinham a caminhonete cheia de isopores com gelo, abastecidas com cerveja, vinho e refrigerantes). Era a bebida mais gelada que tínhamos tomado nos últimos dias e aceitamos com muita alegria. Delícia.
O fim de tarde estava espetacular, apesar do calor. Abrimos um vinho para brindar o alcance de nosso objetivo: chegar ao lago Turkana. Uma região tão remota que até os quenianos da capital nos questionavam para que fazer tamanha empreitada. Mas o lugar realmente era incrível e o esforço tinha valido a pena. Tínhamos lua cheia e vi uma enorme estrela cadente caindo no lago.
Ao irmos nos deitar, percebi que seria outra noite de sacrifício com o calor. Não tínhamos vento e eu suava muito na choupana. Estava muito abafado dentro, o contrário da sensação durante o dia. Tentei meditar para ver se eu esquecia aquele calor e deixava de sentir meu corpo, mas a técnica não é meu forte.
Achei que eu ia passar outra noite em claro sofrendo com o calor, mas eu estava enganada, seriamente enganada...
23 de março de 2011
Safari ao Lago Turkana (norte do Quênia) - dia 4 de 8 (14/02/2011)
Na manhã seguinte após comprarmos mais alguns galões de água prosseguimos para a parte mais desértica do trajeto: Chalbi Desert. Este deserto possui uma areia tão fina que quando chove é impossível transpor a área de carro devido ao mar de lama que fica.
A paisagem era linda e ao mesmo tempo triste.
Quando fazíamos paradas para "esticar as pernas" ou tirar fotos, rapidamente a temperatura se fazia perceptível na faixa de 40 graus. Dentro do carro, apesar de não termos ar condicionado, ao menos tínhamos o vento para refrescar.
Ao chegarmos ao lugar de nosso novo acampamento, retiramos todos os colchonetes e barracas para secar da chuva do dia anterior. Em pouco tempo tudo estava perfeitamente seco.
Todos começamos a suar e a sede não passava, pois nossa água também estava a 40 graus. Era horrível tomar aquela "água de fazer chá". A água que tínhamos nos chuveiros era bombeada por um moinho de vento e estava quente também. Eu resolvi deixar para tomar o meu banho no final do dia, na esperança de que estaria mais fresco.
A comunidade que existia na região era muito pobre e vivia em casas feitas de galhos, barro, palha, latas e plástico. Algumas poucas eram de alvenaria. Uma igreja e uma mesquita disputavam os fiéis: às 5 da manhã ocorria a chamada para reza dos muçulmanos no alto falante e 30 minutos depois era a vez da convocação católica através dos sinos da igreja.
O BANHO...
Quando finalmente o sol se pôs, o calor ainda era grande. Preparei minhas coisas para tomar um bom banho (todos já tinham feito o mesmo) e me dirigi às "casinhas" de banho.
Aprendi então que na África, se você deseja algo, deve fazê-lo no momento presente em que este está disponível. A água tinha acabado. Duas gotas pingaram do chuveiro para debochar de mim. Irritada com o calor, o suor e a poeira que tomava conta de mim, voltei para o acampamento almadiçoando-me por não ter tomado meu banho quando todos o faziam. E para minha enorme falta de sorte, não havia um fiapo de vento para o tal moinho bombear água.
Resignada, aceitei um balde de água que o cozinheiro tinha separado para lavar os pratos mais tarde e fui tomar meu "banho de caneco" que até que ajudou para melhorar meu humor.
Na barraca, TENTEI dormir, mas o calor era tanto que parecia que eu sufocava com o ar quente.
Sonhei com refrigerantes gelados e sorvetes.
A paisagem era linda e ao mesmo tempo triste.
Mar de areia... |
Ao chegarmos ao lugar de nosso novo acampamento, retiramos todos os colchonetes e barracas para secar da chuva do dia anterior. Em pouco tempo tudo estava perfeitamente seco.
Todos começamos a suar e a sede não passava, pois nossa água também estava a 40 graus. Era horrível tomar aquela "água de fazer chá". A água que tínhamos nos chuveiros era bombeada por um moinho de vento e estava quente também. Eu resolvi deixar para tomar o meu banho no final do dia, na esperança de que estaria mais fresco.
A comunidade que existia na região era muito pobre e vivia em casas feitas de galhos, barro, palha, latas e plástico. Algumas poucas eram de alvenaria. Uma igreja e uma mesquita disputavam os fiéis: às 5 da manhã ocorria a chamada para reza dos muçulmanos no alto falante e 30 minutos depois era a vez da convocação católica através dos sinos da igreja.
Casas... |
Vila Gabra |
Acampamos em baixo das árvores da esquerda. Moinho de vento ao fundo. Instalações cedidas pela igreja. |
O BANHO...
Quando finalmente o sol se pôs, o calor ainda era grande. Preparei minhas coisas para tomar um bom banho (todos já tinham feito o mesmo) e me dirigi às "casinhas" de banho.
Aprendi então que na África, se você deseja algo, deve fazê-lo no momento presente em que este está disponível. A água tinha acabado. Duas gotas pingaram do chuveiro para debochar de mim. Irritada com o calor, o suor e a poeira que tomava conta de mim, voltei para o acampamento almadiçoando-me por não ter tomado meu banho quando todos o faziam. E para minha enorme falta de sorte, não havia um fiapo de vento para o tal moinho bombear água.
Resignada, aceitei um balde de água que o cozinheiro tinha separado para lavar os pratos mais tarde e fui tomar meu "banho de caneco" que até que ajudou para melhorar meu humor.
Na barraca, TENTEI dormir, mas o calor era tanto que parecia que eu sufocava com o ar quente.
Sonhei com refrigerantes gelados e sorvetes.
19 de março de 2011
Safari ao Lago Turkana (norte do Quênia) - dia 3 de 8 (13/02/2011)
Acordar cedo nos safaris é rotina. E o terceiro dia da expedição era para "levantar acampamento", ou seja, ir para outros destinos menos confortáveis (onde teríamos que armar as próprias barracas e possivelmente teríamos piores banheiros. O café da manhã foi servido às 06:30 horas (ovos, salsichas, torradas e manga) e já às 07:30 horas estávamos na estrada.
Hoje foi o dia do Rafael passar mal. Eu ainda estava invicta, por puro milagre, já que meu organismo não é dos mais resistentes. Não que a comida seja complicada por aqui, mas estar num ritmo de constante mudança e calor é determinante para um mal estar vez ou outra.
Neste dia paramos em um posto militar e 2 soldados embarcaram em nosso carro. Eles seriam nossos seguranças na "estrada dos bandoleiros" (título de um dos capítulos do livro: "Safari da Estrela Negra" ou "Dark Star Safari" de Paul Theroux que retrata a mesma região que trafegamos).
Prosseguimos por uma região totalmente desértica, com raros carros 4x4 trafegando. Ao longe, a areia e o sol eram tão intensos, que o reflexo parecia apontar para um grande mar ao fundo. Puro efeito óptico. Não havia água em lugar algum. Por quilômetros e quilômetros apenas areia plana. Um "trambolho" era visto no horizonte: nosso motorista explicou que eram chineses a procura de petróleo. Eles estão por todos os lados da África, construindo estradas, implantando usinas eólicas e procurando minérios e petróleo.
Deste grande deserto plano estávamos para alcançar Marsabit. Inacreditável: uma montanha com uma floresta densa no meio de um eco-sistema extremamente árido. Em questão de poucos minutos, a paisagem transformou-se totalmente e estávamos no meio de uma linda floresta, muito úmida, subindo uma montanha. A transformação foi além: uma forte chuva começou a despencar, tão forte que logo o pó se transformou em lama, nosso carro começou a derrapar. Não tinha mais jeito! Aquela estrada virou um tobogã de lama e estávamos "presos" sem poder prosseguir. A chuva era implacável. Parecia que despejava baldes de água e não gotas. O motorista bem que tentou prosseguir, mas o carro atolava. Então tentou dar a volta e fomos obrigados a descer do carro no meio da tempestade com grande rapidez. Foi a única solução! Os 2 militares e o cozinheiro pegaram pás e começaram a cavar e a jogar pedras e galhos em frente aos pneus. Enquanto isso, nós tentávamos em vão nos abrigar em baixo de árvores.
Foi então que nos perguntamos: onde está a Barbie? Barbie era a turista alemã que já tinha manifestado suas frescuras no decorrer da viagem, usando salto alto nos safaris, criando transtornos para ficar hospedada em lodges e não em campings e carregando uma enorme mala de rodinhas e 5 mochilas extras.
Então, após a fatídica pergunta, surge Barbie ainda de dentro do carro, com sua capa de chuva cor de rosa e os saltos altos envoltos por sacos plásticos. Bizarro!
Ficamos nesta situação, na chuva e lama, por um bom tempo. Totalmente molhados, caminhávamos no barro molhado ao lado do carro que insistia em derrapar de um lado para o outro, muitas vezes desgovernado. Isso é que é safari de verdade dizíamos! :-)
Mas e nossas barracas e colchões? Com certeza estariam molhados, pois ninguém esperava por tamanha chuva e tudo estava no teto do carro ao alcance da água. A noite não seria das mais agradáveis...
Quando finalmente o carro se desvencilhou da lama e o motorista assumiu novamente o controle, embarcamos totalmente molhados e sujos de lama.
A expedição pela floresta de Marsabit estava cancelada.
Retornamos ao deserto e percorremos um caminho maior para chegar ao destino do próximo acampamento. No entanto não tínhamos o interesse de dormir em colchonetes molhados e o Rafael já estava mais doente com tudo isso que passamos.
Avisamos ao motorista que pagaríamos pela hospedagem extra caso conseguíssemos um local para dormir, tipo uma pousada ou hotel. Infelizmente na pequena cidade só tinha espelunca e escolhemos a menos ruim, mas com camas secas. Na entrada do alojamento muçulmano que escolhemos, uma grande advertência aos menos avisados: "No alcoohol. No prostitution.".
O banheiro, coletivo, era repugnante e dava vontade de vomitar. E o chuveiro era um fiapo de água, provavelmente proposital devido às dificuldades de se conseguir água na região. No entanto o quarto era adequado ao que procurávamos: nenhuma luxo, mas camas secas! :-)
Hoje foi o dia do Rafael passar mal. Eu ainda estava invicta, por puro milagre, já que meu organismo não é dos mais resistentes. Não que a comida seja complicada por aqui, mas estar num ritmo de constante mudança e calor é determinante para um mal estar vez ou outra.
Neste dia paramos em um posto militar e 2 soldados embarcaram em nosso carro. Eles seriam nossos seguranças na "estrada dos bandoleiros" (título de um dos capítulos do livro: "Safari da Estrela Negra" ou "Dark Star Safari" de Paul Theroux que retrata a mesma região que trafegamos).
Militares embarcando para nos acompanhar. |
Prosseguimos por uma região totalmente desértica, com raros carros 4x4 trafegando. Ao longe, a areia e o sol eram tão intensos, que o reflexo parecia apontar para um grande mar ao fundo. Puro efeito óptico. Não havia água em lugar algum. Por quilômetros e quilômetros apenas areia plana. Um "trambolho" era visto no horizonte: nosso motorista explicou que eram chineses a procura de petróleo. Eles estão por todos os lados da África, construindo estradas, implantando usinas eólicas e procurando minérios e petróleo.
Deste grande deserto plano estávamos para alcançar Marsabit. Inacreditável: uma montanha com uma floresta densa no meio de um eco-sistema extremamente árido. Em questão de poucos minutos, a paisagem transformou-se totalmente e estávamos no meio de uma linda floresta, muito úmida, subindo uma montanha. A transformação foi além: uma forte chuva começou a despencar, tão forte que logo o pó se transformou em lama, nosso carro começou a derrapar. Não tinha mais jeito! Aquela estrada virou um tobogã de lama e estávamos "presos" sem poder prosseguir. A chuva era implacável. Parecia que despejava baldes de água e não gotas. O motorista bem que tentou prosseguir, mas o carro atolava. Então tentou dar a volta e fomos obrigados a descer do carro no meio da tempestade com grande rapidez. Foi a única solução! Os 2 militares e o cozinheiro pegaram pás e começaram a cavar e a jogar pedras e galhos em frente aos pneus. Enquanto isso, nós tentávamos em vão nos abrigar em baixo de árvores.
Foi então que nos perguntamos: onde está a Barbie? Barbie era a turista alemã que já tinha manifestado suas frescuras no decorrer da viagem, usando salto alto nos safaris, criando transtornos para ficar hospedada em lodges e não em campings e carregando uma enorme mala de rodinhas e 5 mochilas extras.
Então, após a fatídica pergunta, surge Barbie ainda de dentro do carro, com sua capa de chuva cor de rosa e os saltos altos envoltos por sacos plásticos. Bizarro!
Ficamos nesta situação, na chuva e lama, por um bom tempo. Totalmente molhados, caminhávamos no barro molhado ao lado do carro que insistia em derrapar de um lado para o outro, muitas vezes desgovernado. Isso é que é safari de verdade dizíamos! :-)
Mas e nossas barracas e colchões? Com certeza estariam molhados, pois ninguém esperava por tamanha chuva e tudo estava no teto do carro ao alcance da água. A noite não seria das mais agradáveis...
Quando finalmente o carro se desvencilhou da lama e o motorista assumiu novamente o controle, embarcamos totalmente molhados e sujos de lama.
Após a chuva e o caos para retirar o carro do atoleiro, todos se preparam para prosseguir. A esquerda, Rafael ajuda Barbie a retirar sua capa de chuva rosa, mas seus saltos altos a desequilibram. |
Totalmente encharcada, aproveitei para tirar um foto da cratera da montanha antes de voltarmos ao deserto. |
Retornamos ao deserto e percorremos um caminho maior para chegar ao destino do próximo acampamento. No entanto não tínhamos o interesse de dormir em colchonetes molhados e o Rafael já estava mais doente com tudo isso que passamos.
Avisamos ao motorista que pagaríamos pela hospedagem extra caso conseguíssemos um local para dormir, tipo uma pousada ou hotel. Infelizmente na pequena cidade só tinha espelunca e escolhemos a menos ruim, mas com camas secas. Na entrada do alojamento muçulmano que escolhemos, uma grande advertência aos menos avisados: "No alcoohol. No prostitution.".
O banheiro, coletivo, era repugnante e dava vontade de vomitar. E o chuveiro era um fiapo de água, provavelmente proposital devido às dificuldades de se conseguir água na região. No entanto o quarto era adequado ao que procurávamos: nenhuma luxo, mas camas secas! :-)
Pátio interno do moquifo. As janelas eram para o pátio. |
Quarto oferecido na pousada. |
Na cidade de Marsabit. Da esquerda para a direita: Linn (da Noruega), eu, Christine (da Suíça) e Jessica (da Holanda). |
Outra vista da cidade. Da esquerda para a direita: Rafael, Coleman (Canadá) e Linn (Noruega). |
12 de março de 2011
Safari ao Lago Turkana (norte do Quênia) - dia 2 de 8 (12/02/2011)
Após uma noite inteira ouvindo leões, elefantes e javalis rondando nosso acampamento, começamos nosso dia bastante cedo, com todos no carro as 06:30 horas para nosso primeiro game drive (busca de animais selvagens de carro).
Vimos diversos animais, como elefantes e girafas, mas o ponto alto do dia ainda estava por vir.
Avistamos a cabeça de uma chita descansando embaixo de uma pequena árvore. A principio não parecia que ela sairia tão cedo da pequena sombra e logo ficamos entediados com o marasmo. Porém nosso motorista disse para termos paciência e aguardamos mais um pouco. Parecia que estava programado o show...
Logo, um infeliz dik-dik (pequeno antílope) passou desavisado entre nosso carro e a chita. Esta logo se empinou e para nossa enorme surpresa outras 2 chitas saíram dos arbustos. Eram os últimos minutos do pequeno antílope... As 3 chitas saltaram velozmente e encurralaram o pequeno dik-dik contra nosso carro. Involuntariamente fomos cúmplices de um covarde assassinato no mundo animal. Tudo ocorreu a poucos metros de nosso carro. Cena digna de programas do National Geographic.
Retornamos ao acampamento por volta das 10 horas para nossa café da manha comemorativo.
VILA SAMBURO
As 11 horas fomos visitar a vila da tribo Samburo. Um representante da tribo que falava inglês veio nos receber para nos guiar e explicar a constituição da sociedade deles. Para a visita, tivemos que pagar 1000 shilling quenianos (cerca de 12 dólares/ por pessoa), com direito então a tirar quantas fotos quiséssemos, assistir a cantos e danças, a visitar as casas, etc.
Como na Índia, as paredes das casas são feitas preferencialmente com terra e coco de vaca. No entanto, como o rebanho estava mais escasso, estavam usando restos de lonas, plásticos e latas para terminar as casas.
Os Samburos são poligamicos e para cada esposa deve ser construída uma casa. As casas ficam dentro de um grande cercado de galhos com espinhos para protege-las dos animais selvagens. Durante a noite, seus rebanhos de vacas e cabras são recolhidos para dentro das imediações da vila cercada.
Mostraram-nos como fazer fogo friccionando 2 tipos de madeira (uma mole e outra dura) e cobrindo posteriormente a região com coco seco de burro.
Visitamos o suposto "colégio", um grupo de crianças sentadas embaixo de uma árvore, um quadro negro com o alfabeto escrito há bastante tempo e uma moça que dizia ser a professora. Como que num show, começaram a soletrar todo o alfabeto, a contar até 20, e a dizer "bom dia, vocês são bem vindos." Tudo em inglês, mas descaradamente decorado para impressionar. Na sequência, nosso guia começou a explicar que a comunidade queria construir uma escola, mas que o governo não mandava recursos alegando que os samburos eram nomades (originalmente são, mas afirmaram que não desejavam mais ser) e que precisavam de doações. Maior constrangimento e pressão por mais dinheiro.
O fim do tour foi passar por um corredor formado por mulheres oferecendo seus artesanatos. "Fugi" logo dali, pois todas pediam para que comprássemos algo, oferecendo insistentemente cada objeto que eu tivesse olhado por um relance.
No balanço das coisas, a visita foi bastante interessante, mas a insistência pela compra de artesanatos é algo que me perseguiu por diversos lugares da África. Apesar de ter que pagar para fazer a visita (algo que me pareceu bastante justo, já que a vila é "invadida" diariamente por curiosos endinheirados e os samburos só obtêm dinheiro através destas visitas ou da venda de cabras), é uma das poucas oportunidades de conhecer um estilo de vida tão diferente.
Voltamos ao acampamento andando pela reserva, mas acompanhados de 2 samburos armados com suas lanças.
O calor ao meio dia era infernal e tomei facilmente um banho de chuveiro frio.
Depois do almoço (peixe frito, batatas, espinafre e melancia) sentei a beira do rio, largo, mas totalmente seco que separava nosso acampamento da vila samburo. Pude observar mulheres e crianças cavando no leito do rio a procura de água para se banharem, para beber e para levar para a vila. Pequenos buracos eram abertos com as mãos para terem acesso a água doce.
Já do lado de cá do rio, para nós, a água para banho e higiene era provida por uma bomba com motor e a água para beber tínhamos trazido da cidade a preços que podíamos facilmente pagar. Poucos metros separavam situações tão distintas...
Quando o sol se pôs:
Para nosso jantar, nosso cozinheiro preparou chapati (um pão indiano), folhas verdes cozidas e algo parecido com um frango com molho. Sobremesa: salada de frutas. Para acompanhar, abrimos um vinho sul africano que trouxemos juntos com as compras que fizemos para a expedição.
MULHERES
Por toda a África Oriental ou África do leste (East Africa), pude perceber que é tradição as mulheres fazerem o trabalho pesado, como carregar pesos (água, lenha e mantimentos) e trabalhar nas plantações. Aos homens cabe cuidar dos animais (pastorear) e sentar a sombra para conversar com os amigos.
O machismo é bastante presente. Ao negociar um preço de uma corrida com um taxista, sabíamos o preço que deveríamos pagar por informações dadas pela atendente de um de nossos hotéis em Uganda. Ao tentarmos argumentar com a informação que obtivéramos, o taxista não se intimidou a afirmar: "Mulheres não entendem de nada, muito menos de preços ou de corridas de táxi."
PS: Devido ao teclado local (africano), possivelmente existirão problemas de acentuação nos textos. As palavras aqui acentuadas foram feitas com recursos de auto-correção do blog.
Vimos diversos animais, como elefantes e girafas, mas o ponto alto do dia ainda estava por vir.
Avistamos a cabeça de uma chita descansando embaixo de uma pequena árvore. A principio não parecia que ela sairia tão cedo da pequena sombra e logo ficamos entediados com o marasmo. Porém nosso motorista disse para termos paciência e aguardamos mais um pouco. Parecia que estava programado o show...
Logo, um infeliz dik-dik (pequeno antílope) passou desavisado entre nosso carro e a chita. Esta logo se empinou e para nossa enorme surpresa outras 2 chitas saíram dos arbustos. Eram os últimos minutos do pequeno antílope... As 3 chitas saltaram velozmente e encurralaram o pequeno dik-dik contra nosso carro. Involuntariamente fomos cúmplices de um covarde assassinato no mundo animal. Tudo ocorreu a poucos metros de nosso carro. Cena digna de programas do National Geographic.
Retornamos ao acampamento por volta das 10 horas para nossa café da manha comemorativo.
Após a caçada, a líder das chitas leva o dik-dik para saboreá-lo a sombra. |
O grupo das 3 chitas em direção a uma sombra para compartilhar a caça. |
VILA SAMBURO
As 11 horas fomos visitar a vila da tribo Samburo. Um representante da tribo que falava inglês veio nos receber para nos guiar e explicar a constituição da sociedade deles. Para a visita, tivemos que pagar 1000 shilling quenianos (cerca de 12 dólares/ por pessoa), com direito então a tirar quantas fotos quiséssemos, assistir a cantos e danças, a visitar as casas, etc.
Grupo que cantou e dançou para nos. |
Como na Índia, as paredes das casas são feitas preferencialmente com terra e coco de vaca. No entanto, como o rebanho estava mais escasso, estavam usando restos de lonas, plásticos e latas para terminar as casas.
Os Samburos são poligamicos e para cada esposa deve ser construída uma casa. As casas ficam dentro de um grande cercado de galhos com espinhos para protege-las dos animais selvagens. Durante a noite, seus rebanhos de vacas e cabras são recolhidos para dentro das imediações da vila cercada.
Mostraram-nos como fazer fogo friccionando 2 tipos de madeira (uma mole e outra dura) e cobrindo posteriormente a região com coco seco de burro.
Demonstração de como fazer fogo. |
Visitamos o suposto "colégio", um grupo de crianças sentadas embaixo de uma árvore, um quadro negro com o alfabeto escrito há bastante tempo e uma moça que dizia ser a professora. Como que num show, começaram a soletrar todo o alfabeto, a contar até 20, e a dizer "bom dia, vocês são bem vindos." Tudo em inglês, mas descaradamente decorado para impressionar. Na sequência, nosso guia começou a explicar que a comunidade queria construir uma escola, mas que o governo não mandava recursos alegando que os samburos eram nomades (originalmente são, mas afirmaram que não desejavam mais ser) e que precisavam de doações. Maior constrangimento e pressão por mais dinheiro.
Crianças no "colégio". |
O fim do tour foi passar por um corredor formado por mulheres oferecendo seus artesanatos. "Fugi" logo dali, pois todas pediam para que comprássemos algo, oferecendo insistentemente cada objeto que eu tivesse olhado por um relance.
O corredor para venda de artesanatos. |
No balanço das coisas, a visita foi bastante interessante, mas a insistência pela compra de artesanatos é algo que me perseguiu por diversos lugares da África. Apesar de ter que pagar para fazer a visita (algo que me pareceu bastante justo, já que a vila é "invadida" diariamente por curiosos endinheirados e os samburos só obtêm dinheiro através destas visitas ou da venda de cabras), é uma das poucas oportunidades de conhecer um estilo de vida tão diferente.
Voltamos ao acampamento andando pela reserva, mas acompanhados de 2 samburos armados com suas lanças.
O calor ao meio dia era infernal e tomei facilmente um banho de chuveiro frio.
Depois do almoço (peixe frito, batatas, espinafre e melancia) sentei a beira do rio, largo, mas totalmente seco que separava nosso acampamento da vila samburo. Pude observar mulheres e crianças cavando no leito do rio a procura de água para se banharem, para beber e para levar para a vila. Pequenos buracos eram abertos com as mãos para terem acesso a água doce.
Já do lado de cá do rio, para nós, a água para banho e higiene era provida por uma bomba com motor e a água para beber tínhamos trazido da cidade a preços que podíamos facilmente pagar. Poucos metros separavam situações tão distintas...
Quando o sol se pôs:
Para nosso jantar, nosso cozinheiro preparou chapati (um pão indiano), folhas verdes cozidas e algo parecido com um frango com molho. Sobremesa: salada de frutas. Para acompanhar, abrimos um vinho sul africano que trouxemos juntos com as compras que fizemos para a expedição.
MULHERES
Por toda a África Oriental ou África do leste (East Africa), pude perceber que é tradição as mulheres fazerem o trabalho pesado, como carregar pesos (água, lenha e mantimentos) e trabalhar nas plantações. Aos homens cabe cuidar dos animais (pastorear) e sentar a sombra para conversar com os amigos.
O machismo é bastante presente. Ao negociar um preço de uma corrida com um taxista, sabíamos o preço que deveríamos pagar por informações dadas pela atendente de um de nossos hotéis em Uganda. Ao tentarmos argumentar com a informação que obtivéramos, o taxista não se intimidou a afirmar: "Mulheres não entendem de nada, muito menos de preços ou de corridas de táxi."
Em Ruanda. |
Em Uganda. O pais das bananas... |
No Quênia - vila Masai Mara. |
Safari ao Lago Turkana (norte do Quênia) - dia 1 de 8 (11/02/2011)
Fechado todo o pacote e com um briefing geral do que seria a nossa expedição, percebi que faríamos algo único no Quênia e possivelmente o ponto alto da viagem a África.
Nosso grupo foi composto por 7 turistas: uma suíça, uma holandesa, uma alemã (posteriormente conhecida por Barbie - razão que explicarei mais tarde), uma norueguesa, todas na faixa de 26 a 35 anos, um canadense na faixa dos 65 anos, Rafael e eu (na faixa dos 22 anos ;-)). Tanto as nacionalidades se distinguiam, quanto as profissões. Logo de cara nos demos muito bem com Coleman, o canadense.
Nossa equipe de apoio (staff) constituiu-se do motorista, Stephen, e o cozinheiro, Gabriel (ou Momo).
CANA DE ACUCAR
Pegamos a estrada na direção norte e logo pudemos observar a pobreza das periferias de Nairobi. Camel^os vendendo roupa usada, sapatos e acessórios, "bancas" feitas de lata vendendo refrigerantes. Nos trechos que o transito fluía com mais lentidão havia muitos carrinhos de mão repletos de cana de açúcar com rapazes simples descascando as varetas e vendendo em sacos plásticos os pequenos cubos de cana que picavam com seus facões. A habilidade deles era tanta que apenas os facões tocavam a parte interna da cana. Picavam com tanta habilidade no ar, que os cubos voavam diretamente para as embalagens plásticas.
Eu queria uma porção daquelas para ir me deliciando no caminho e perguntei ao motorista quanto custava cada saquinho. Ele imediatamente acenou a um rapaz, que passou a correr ao lado do carro com seus saquinhos de cana enquanto eu procurava umas moedas para fazer a compra de 2 porções. Custo: 10 shilings quenianos (15 centavos de dólares) cada.
Ofereci a todos, para espanto dos gringos que nunca tinham experimentado nada igual e acharam muito difícil de mastigar. A compra virou assunto com nosso staff, que ficaram surpresos da minha familiaridade com a cana de açúcar. Então expliquei a eles que isso existia no Brasil, e que inclusive fazíamos caldo da cana.
Descobri ao longo da viagem pela África que aparelhos de caldo de cana poderiam ser um bom negocio, pois a tecnologia ainda não chegou por aqui...
PELA ESTRADA AFORA...
Prosseguindo pela estrada, a paisagem gradativamente começou a mudar. Passamos então a percorrer regiões mais pobres, mas também mais belas, com o monte Kenya ao fundo do cenário.
PRIMEIRO ACAMPAMENTO
Nosso primeiro acampamento foi na reserva de Samburo. Logo na chegada deste parque avistamos um leopardo deitado em uma árvore distante. Como estava perto de anoitecer, nos dirigimos ao camping permanente da Gametrackers. Neste camping havia chuveiro (agua fria) e banheiro daqueles de buraco, mas com um vaso para dar um aspecto de civilização. As barracas ficam permanentemente armadas, com um telhado de palha por cima para proteger do calor e internamente com 2 camas feitas de estreitas tábuas e um fino colchão. Instalações bem feitas para um camping. Na parte central, havia uma choupana maior onde eram preparadas e servidas as refeições. Como nosso acampamento era no meio da reserva, a advertência quanto a idas ao banheiro (que era afastado) era clara: era preciso "escolta" de uma das pessoas do staff do camping. Elefantes rondavam as imediações! Para garantir uma noite tranquila, resolvi beber pouco liquido antes de dormir...
PS: Devido ao teclado local (africano), possivelmente existirão problemas de acentuação nos textos. As palavras aqui acentuadas foram feitas com recursos de auto-correção do blog.
Nosso grupo foi composto por 7 turistas: uma suíça, uma holandesa, uma alemã (posteriormente conhecida por Barbie - razão que explicarei mais tarde), uma norueguesa, todas na faixa de 26 a 35 anos, um canadense na faixa dos 65 anos, Rafael e eu (na faixa dos 22 anos ;-)). Tanto as nacionalidades se distinguiam, quanto as profissões. Logo de cara nos demos muito bem com Coleman, o canadense.
Nossa equipe de apoio (staff) constituiu-se do motorista, Stephen, e o cozinheiro, Gabriel (ou Momo).
CANA DE ACUCAR
Pegamos a estrada na direção norte e logo pudemos observar a pobreza das periferias de Nairobi. Camel^os vendendo roupa usada, sapatos e acessórios, "bancas" feitas de lata vendendo refrigerantes. Nos trechos que o transito fluía com mais lentidão havia muitos carrinhos de mão repletos de cana de açúcar com rapazes simples descascando as varetas e vendendo em sacos plásticos os pequenos cubos de cana que picavam com seus facões. A habilidade deles era tanta que apenas os facões tocavam a parte interna da cana. Picavam com tanta habilidade no ar, que os cubos voavam diretamente para as embalagens plásticas.
Eu queria uma porção daquelas para ir me deliciando no caminho e perguntei ao motorista quanto custava cada saquinho. Ele imediatamente acenou a um rapaz, que passou a correr ao lado do carro com seus saquinhos de cana enquanto eu procurava umas moedas para fazer a compra de 2 porções. Custo: 10 shilings quenianos (15 centavos de dólares) cada.
Ofereci a todos, para espanto dos gringos que nunca tinham experimentado nada igual e acharam muito difícil de mastigar. A compra virou assunto com nosso staff, que ficaram surpresos da minha familiaridade com a cana de açúcar. Então expliquei a eles que isso existia no Brasil, e que inclusive fazíamos caldo da cana.
Descobri ao longo da viagem pela África que aparelhos de caldo de cana poderiam ser um bom negocio, pois a tecnologia ainda não chegou por aqui...
Camel^os nas periferias de Nairobi |
Homem transportando agua na bicicleta. Imagem recorrente ao longo da viagem. |
PELA ESTRADA AFORA...
Prosseguindo pela estrada, a paisagem gradativamente começou a mudar. Passamos então a percorrer regiões mais pobres, mas também mais belas, com o monte Kenya ao fundo do cenário.
Monte Kenya ao fundo |
Crianças a caminho da escola acenando para nosso carro. |
PRIMEIRO ACAMPAMENTO
Nosso primeiro acampamento foi na reserva de Samburo. Logo na chegada deste parque avistamos um leopardo deitado em uma árvore distante. Como estava perto de anoitecer, nos dirigimos ao camping permanente da Gametrackers. Neste camping havia chuveiro (agua fria) e banheiro daqueles de buraco, mas com um vaso para dar um aspecto de civilização. As barracas ficam permanentemente armadas, com um telhado de palha por cima para proteger do calor e internamente com 2 camas feitas de estreitas tábuas e um fino colchão. Instalações bem feitas para um camping. Na parte central, havia uma choupana maior onde eram preparadas e servidas as refeições. Como nosso acampamento era no meio da reserva, a advertência quanto a idas ao banheiro (que era afastado) era clara: era preciso "escolta" de uma das pessoas do staff do camping. Elefantes rondavam as imediações! Para garantir uma noite tranquila, resolvi beber pouco liquido antes de dormir...
Nosso acampamento na reserva Samburo. |
Nossa barraca! Lar doce lar. |
Nosso lar: 2 camas, uma mesinha e muita agua estocada. |
Cozinha e refeitório. |
PS: Devido ao teclado local (africano), possivelmente existirão problemas de acentuação nos textos. As palavras aqui acentuadas foram feitas com recursos de auto-correção do blog.
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