Mesmo assim para não arriscar, nem sempre ficava apontando minha máquina fotográfica para tudo quanto é lado, especialmente para não ser importunada.
Existem por todos os cantos "caça branquelos para safaris": caras que ficam a procura de um turista para leva-los a sua agência de safaris para ganhar comissão. Isso é um saco, mas já temos a resposta para dar as perguntas de sempre.
- Hellow my friend! How are you?
- Fine. - nada de respostas muito longas.
- Where are you from?
- Brazil.
- Oh! Brazil! Football! Ronaldo, Kaka, Lucio,.... - E ai o cara começa a listar a lista de jogadores brasileiros.
- Yes, yes.
- I know a good safari for you my friend.
- Oh, I am sorry. We are living tomorow....
E ai o cara vai embora.
Outra mais curta é dizer de cara que não fala inglês:
- No english, no english.
Pronto! O cidadão sai de perto na hora!.
Não me interpretem mal a hostilidade, mas depois de ser "atacada" dezenas de vezes, você perde a paciência.
Torre com vista panoramica da cidade. Segundo prédio mais alto da África (informacao do guia local). |
Vista da capital Nairóbi do alto da torre. |
Em um parque na cidade. |
DIVERGÊNCIAS TRIBAIS
O Quênia tem ao todo 42 tribos.
Cada cidadão sabe a sua. O orgulho que sente por ela, eh proporcional ao preconceito e rivalidade que nutre pelas demais.
Cada cidadão aqui sabe sua tribo e tem um orgulho enorme pela sua e um preconceito tão grande quanto pelas demais tribos. Os Kikuios são maioria e também governam o pais para desespero das demais tribos. Um dos taxistas que pegamos (da tribo Kampa), nos "explicou" que se um Kikuio quer algo seu e você não dah, até o final do dia, ele ira te roubar para ter. (!) Nosso guia no parque Masai Mara (da tribo Luo) vendo uma Kikuio acompanhando um turista branco, declarou: "-As Kikuios gostam de Mzungo - (nome swahili para designar homem branco) - Elas gostam porque eles tem dinheiro."
Outro cidadão, vendendo jornal, do nada chegou e se apresentou como sendo da tribo Luo, e para destacar sua importância étnica, complementou que era a tribo do pai de Obama.
Falando nisso, Obama por aqui virou pop-star. Você encontra fotos dele por todos os lados, calendários e livros para vender e comerciais de celular com a foto da esposa dele.
Mas voltando a falar das tribos, percebemos fortemente a falta de um nacionalismo queniano devido as rivalidades tribais. Em 2007, depois da re-eleiçao do presidente da tribo Kikuio (Kibaki), houve violencia generalizada, principalmente entre Kikuios e Luos. Varias pessoas foram mortas e esquartejadas a facão. Um guia que nos acompanhava na visita a torre mais alta da cidade teve seus pais mortos neste genocídio, como nos explicou. Ele relatou que para identificar se as partes coletadas dos corpos eram de sua mãe ou de seu pai, fez a comparação dos pedaços pelo tom da pele, pois sua mãe era mais clara...
As pessoas contam suas historias como se estivessem falando de um filme. Muitas vezes penso que não estou compreendendo o inglês destas pessoas pela enorme surpresa que me causam seus relatos.
CAFÉ
O Quenia só perde para o Brasil na exportação de café. No entanto, infelizmente é bastante difícil encontrar um bom cafe por aqui. Quando servido no café da manha, normalmente é Nescafé (instantâneo). A tradição nacional é o chá preto e muitas vezes com leite. (argh - herança dos ingleses)
INFLUENCIA INGLESA
Falando em herança inglesa, esta exerce forte influência, apesar da independência ter acontecido há algumas décadas. A paixão nacional é acompanhar os jogos de futebol inglês em bares com muita cerveja.
O transito é "mão inglesa", o inglês é a língua oficial (apesar das pessoas falarem melhor o swahili), os jornais e programas de TV são na maioria em inglês...
O mais engraçado foi ver na TV, cenas do parlamento, exatamente igual ao ingles, com o juiz vestindo aquela peruca branca inglesa e usando toga. Coisa mais estranha!
TRANSPORTE URBANO
Quase todo o transporte da população depende dos matatus: vans sucateadas trazidas do primeiro mundo que levam 12 passageiros (teoricamente). Cada matatu tem seu motorista e "cobrador", este ultimo com funções extras de propaganda e logística, arregimentando clientes para o carro e organizando-os nos assentos: 3 lugares facilmente viram 5, é só empurrar mais um pouquinho.
Quando fomos no museu da Karen Blixen (filme: "Entre dois amores"/ Out of Africa) utilizamos este transporte. Ao invés de pagarmos cerca de 3000 shilings (mais de 30 dólares) pelo táxi, o matatu nos custou KSH 200 ida e volta (KSH 50 por pessoa por trecho).
Achei bem tranquilo o uso deste transporte: o preço é tabelado por distancia (não tenho que negociar com o taxista) e as pessoas olhavam com satisfação e respeito para nos (por verem que mesmo sendo turistas estavamos usando o transporte popular - algo bastante raro).
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