Vimos diversos animais, como elefantes e girafas, mas o ponto alto do dia ainda estava por vir.
Avistamos a cabeça de uma chita descansando embaixo de uma pequena árvore. A principio não parecia que ela sairia tão cedo da pequena sombra e logo ficamos entediados com o marasmo. Porém nosso motorista disse para termos paciência e aguardamos mais um pouco. Parecia que estava programado o show...
Logo, um infeliz dik-dik (pequeno antílope) passou desavisado entre nosso carro e a chita. Esta logo se empinou e para nossa enorme surpresa outras 2 chitas saíram dos arbustos. Eram os últimos minutos do pequeno antílope... As 3 chitas saltaram velozmente e encurralaram o pequeno dik-dik contra nosso carro. Involuntariamente fomos cúmplices de um covarde assassinato no mundo animal. Tudo ocorreu a poucos metros de nosso carro. Cena digna de programas do National Geographic.
Retornamos ao acampamento por volta das 10 horas para nossa café da manha comemorativo.
Após a caçada, a líder das chitas leva o dik-dik para saboreá-lo a sombra. |
O grupo das 3 chitas em direção a uma sombra para compartilhar a caça. |
VILA SAMBURO
As 11 horas fomos visitar a vila da tribo Samburo. Um representante da tribo que falava inglês veio nos receber para nos guiar e explicar a constituição da sociedade deles. Para a visita, tivemos que pagar 1000 shilling quenianos (cerca de 12 dólares/ por pessoa), com direito então a tirar quantas fotos quiséssemos, assistir a cantos e danças, a visitar as casas, etc.
Grupo que cantou e dançou para nos. |
Como na Índia, as paredes das casas são feitas preferencialmente com terra e coco de vaca. No entanto, como o rebanho estava mais escasso, estavam usando restos de lonas, plásticos e latas para terminar as casas.
Os Samburos são poligamicos e para cada esposa deve ser construída uma casa. As casas ficam dentro de um grande cercado de galhos com espinhos para protege-las dos animais selvagens. Durante a noite, seus rebanhos de vacas e cabras são recolhidos para dentro das imediações da vila cercada.
Mostraram-nos como fazer fogo friccionando 2 tipos de madeira (uma mole e outra dura) e cobrindo posteriormente a região com coco seco de burro.
Demonstração de como fazer fogo. |
Visitamos o suposto "colégio", um grupo de crianças sentadas embaixo de uma árvore, um quadro negro com o alfabeto escrito há bastante tempo e uma moça que dizia ser a professora. Como que num show, começaram a soletrar todo o alfabeto, a contar até 20, e a dizer "bom dia, vocês são bem vindos." Tudo em inglês, mas descaradamente decorado para impressionar. Na sequência, nosso guia começou a explicar que a comunidade queria construir uma escola, mas que o governo não mandava recursos alegando que os samburos eram nomades (originalmente são, mas afirmaram que não desejavam mais ser) e que precisavam de doações. Maior constrangimento e pressão por mais dinheiro.
Crianças no "colégio". |
O fim do tour foi passar por um corredor formado por mulheres oferecendo seus artesanatos. "Fugi" logo dali, pois todas pediam para que comprássemos algo, oferecendo insistentemente cada objeto que eu tivesse olhado por um relance.
O corredor para venda de artesanatos. |
No balanço das coisas, a visita foi bastante interessante, mas a insistência pela compra de artesanatos é algo que me perseguiu por diversos lugares da África. Apesar de ter que pagar para fazer a visita (algo que me pareceu bastante justo, já que a vila é "invadida" diariamente por curiosos endinheirados e os samburos só obtêm dinheiro através destas visitas ou da venda de cabras), é uma das poucas oportunidades de conhecer um estilo de vida tão diferente.
Voltamos ao acampamento andando pela reserva, mas acompanhados de 2 samburos armados com suas lanças.
O calor ao meio dia era infernal e tomei facilmente um banho de chuveiro frio.
Depois do almoço (peixe frito, batatas, espinafre e melancia) sentei a beira do rio, largo, mas totalmente seco que separava nosso acampamento da vila samburo. Pude observar mulheres e crianças cavando no leito do rio a procura de água para se banharem, para beber e para levar para a vila. Pequenos buracos eram abertos com as mãos para terem acesso a água doce.
Já do lado de cá do rio, para nós, a água para banho e higiene era provida por uma bomba com motor e a água para beber tínhamos trazido da cidade a preços que podíamos facilmente pagar. Poucos metros separavam situações tão distintas...
Quando o sol se pôs:
Para nosso jantar, nosso cozinheiro preparou chapati (um pão indiano), folhas verdes cozidas e algo parecido com um frango com molho. Sobremesa: salada de frutas. Para acompanhar, abrimos um vinho sul africano que trouxemos juntos com as compras que fizemos para a expedição.
MULHERES
Por toda a África Oriental ou África do leste (East Africa), pude perceber que é tradição as mulheres fazerem o trabalho pesado, como carregar pesos (água, lenha e mantimentos) e trabalhar nas plantações. Aos homens cabe cuidar dos animais (pastorear) e sentar a sombra para conversar com os amigos.
O machismo é bastante presente. Ao negociar um preço de uma corrida com um taxista, sabíamos o preço que deveríamos pagar por informações dadas pela atendente de um de nossos hotéis em Uganda. Ao tentarmos argumentar com a informação que obtivéramos, o taxista não se intimidou a afirmar: "Mulheres não entendem de nada, muito menos de preços ou de corridas de táxi."
Em Ruanda. |
Em Uganda. O pais das bananas... |
No Quênia - vila Masai Mara. |
Carol, como sempre interessante ler teus relatos.
ResponderExcluirFica a dor da diferença social...
sem palavras,... buscando sempre soluções.
Cada um fazendo um pouquinho, ajuda né?
Cada um contando um pouquinho ajuda também né?.
Beijos e boa viagem.
Ju