De Maralal a Nairobi a estrada melhorou um pouco, mas eu estava sentindo todos os ossos das minhas costas devido ao dia anterior. Pedi inclusive para sentar na frente, pois eu realmente estava com dores.
Também neste dia não havia muita programação além da estrada. O jeito era sentar no carro por horas e horas. No caminho nos despedimos e deixamos os 2 militares em suas bases.
Uma única parada foi bastante agradável, onde visitamos a cachoeira Thomson e compramos alguns sanduiches para ir comendo no trajeto. O grupo estava com pressa pois alguns tinham que pegar um trem no fim do dia em Nairobi.
Visão geral da expedição:
Apesar de nos meus relatos dos 8 dias de expedição ao lago Turkana eu ter detalhado as dificuldades que passamos e até a falta de sorte em alguns pontos, é importante que eu deixe registrado o quanto foi impressionante e enriquecedor a experiência. Ver e sentir situações tão adversas e ter uma real impressão do que é a vida no interior da África abre a mente para muitos questionamentos sobre nossa existência e a de pessoas tão diferentes de nós.
Durante esta mesma expedição, li um livro que questionava a ajuda humanitária na África de maneira muito pragmática e confesso que no momento não tenho uma resposta sobre se deveríamos ou não intervir naquelas vidas. Vi muitas pessoas "cobrando" que déssemos ajuda financeira e alimentar. Vi que apenas estrangeiros brancos (ou na sua maior parte) trabalham nas ONGs. A associação de que homem branco dá comida é imediata e natural para estas pessoas. Não há incentivo ao desenvolvimento e há décadas estamos dando tudo a eles. Por outro lado, muitas vezes a própria natureza os massacra e milhares de pessoas voltam a morrer de fome se não os ajudarmos.
Mas como ajudar?
Há relatos de várias ajudas fracassadas, como o caso de uma ONG alemã que construiu centenas de casas lindas de 2 andares para uma tribo, mas o resultado foi um fiasco: não havia local para colocar as cabras dentro de casa e as pessoas voltaram às suas choupanas! O homem "civilizado" vai até a África, não consulta ninguém e espera que suas tecnologias e costumes sejam os mesmos dos locais. Mas não são nem de perto!
Outros relatam de casos de bombas de água que são instaladas para ajudar uma tribo, funcionando muito bem no princípio, fazendo as pessoas pararem de manter possos artesianos e a ir buscar água há quilômetros de distância. Um belo dia a bomba estraga e não há quem a conserte. De uma hora para a outra, uma tecnologia que deveria ajudar, faz toda uma população começar a passar sede pois a tribo passa a esperar pela ajuda do homem branco e o posso antigo já está seco.
Vi que a intervenção em uma cultura milenar de subsistência pode ser um grande erro. Pode ser...
Pode também ser a salvação em grandes períodos de seca. Pode ser...
Eu não sei.
Trajeto percorrido nos 8 dias de expedição ao Lago Turkana:
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A visão geral das suas colocações são incríveis, não sei como podemos agir diante dessas situações.
ResponderExcluiroi Ana Maria
ExcluirObrigada pela sua mensagem. Realmente é uma questão polêmica.
Abraço!