26 de março de 2012

Equívocos quanto ao Irã:



As mulheres vestem burca. - Não há mulheres vestindo burcas! Provavelmente você nem saiba o que é uma burca. A burca é o traje que cobre totalmente a mulher (inclusive o rosto) e é usado majoritariamente no Afeganistão. Todas as mulheres no Irã têm suas faces à mostra. A vestimenta varia de: Chador (o mais conservador), Maghnaeh (é tipo um capuz, usado especialmente nas instituições de ensino e trabalhadoras em estabelecimentos comerciais) e o simples lenço cobrindo parcialmente os cabelos.
A burca não existe no Irã!

Garota da esquerda veste CHADOR. As demais vestem MAGHNAEH, exceto eu e a menina de  lenço branco.



É um lugar perigoso. Há atentados terroristas. - Em questão de segurança, o Irã muitas vezes é associado à situação dos países que fazem fronteira com ele, tais como Paquistão, Afeganistão e especialmente Iraque. No entanto, o país é bastante seguro, existindo relativa insegurança apenas na região do Baluchistão, fronteira com o Paquistão.

Famílias e amigos iranianos fazendo o que mais gostam: piqueniques!


As pessoas andam de camelos. - Os únicos camelos que eu ouvi falar que existem por aqui são alguns disponibilizados a turistas que desejam fazer expedições em áreas desérticas. Querendo ver camelos mesmo, no cotidiano, recomendo ir ao Rajastão, na Índia.

O clima é sempre muito quente. - O verão iraniano é sempre muito quente. No entanto, o calor restringe-se a 3 ou 4 meses por ano. No inverno, Teerã e outras cidades do país chegam a temperaturas abaixo de zero, e é bastante comum nevar. Há várias estações de esqui no Irã e os preços são atrativos comparados com outras estações de esqui pelo mundo.


Monte Damavand (1 hora de Teerã) ao fundo. Temperatura: -9,5 graus Celsius.



Não há marcas/ produtos internacionais disponíveis. - Diferente do que se imagina a respeito das sanções aplicadas ao Irã, o cidadão local tem acesso a quase tudo, inclusive marcas americanas como Coca-Cola (nas versões normal, diet e zero) e Pepsi. Há até lojas oficiais de marcas internacionais, por exemplo: Adidas, Nike, Salomon, Mango, Esprit, Geox, Benetton, WMF, LG, Samsung, Porche, Crocks, etc e até marcas brasileiras como Tramontina e Yogoberry. No entanto, não existem franquias de alimentos, tais como McDonalds, Pizza Hut e Burguer King. Nesta onda de marcas internacionais, a grande sensação do momento é o anúncio que em breve será inaugurada em uma das avenidas mais importantes de Teerã uma loja autêntica da Victoria Secrets (os rapazes já estão ansiosos para saber como será a vitrine...).

Só a religião islâmica é permitida. - A constituição iraniana reconhece 3 outras religiões além do islamismo: o cristianismo, o judaismo e o zoroastrismo. São religiões respeitadas, porém consideradas arcaicas, já que Deus teria enviado, através de Maomé,  a versão “mais recente” de seus ensinamentos. Maomé e o Alcorão são posteriores à Bíblia, e portanto seriam a palavra final de Deus. Já as religiões que surgiram posteriores a Maomé, como a Bahai, não são bem aceitas, possivelmente por colocarem o islamismo na mesma condição de "desatualizada".

Igreja Católica em Hamadan/ Irã.

Os iranianos são árabes. - Este erro é bastante comum entre os ocidentais e motivo de grande ofensa para os persas. Possivelmente a confusão surge pelo fato de árabes e persas seguirem a mesma religião e pelo nome Irã e Iraque ter uma sonoridade parecida. No entanto, os iranianos não vêem motivos para a confusão, e proferem uma lista interminável de diferenças que os distinguem como um povo único: possuem uma cultura milenar, possuem famosos filósofos e poetas, são originários da raça ariana, têm uma língua própria (com origem indo-européia), culinária distinta, etc.


Os iranianos falam árabe. - Apesar do alfabeto ser praticamente igual ao árabe (há algumas letras que são exceção), a língua e a gramática são totalmente diferentes. Um exemplo interessante é o fato da língua árabe não ter o som do “p”, que na língua farsi (ou persa) é comum.

O país vive uma completa ditadura. - Cargos políticos como presidente, governadores, parlamentares, são eleitos por voto direto. Homens e mulheres podem votar, sem restrições. No entanto, acima do presidente está o Líder Supremo Religioso, que tem o poder de vetar em última instância eventuais medidas que desagradem a religião islâmica. O Líder Supremo também pré-aprova os candidatos que disputarão as eleições.

As mulheres não podem dirigir. - Podem sim dirigir e não há nenhuma restrição neste sentido.


Eu dirigindo em Teerã.

As mulheres não têm direitos. - Muito da fama das supostas restrições impostas às mulheres no Irã vem da situação delas na Arábia Saudita. No Irã, mulheres podem votar, trabalhar, serem eleitas a cargos políticos, dirigir, estudar (inclusive são maioria nas universidades). Porém, no Irã, ainda não podem: cantar sozinhas na frente de homens (exceto coros), sair do país sem a autorização do pai ou marido, serem eleitas para presidente e serem juízas. Em juízo, o testemunho de uma mulher vale metade do do homem.

Não há festas. - De fato não há discotecas, mas as festas ocorrem nas casas, escondidas, com muito som, bebidas e, acreditem, roupas minúsculas (mini saias e tops são os preferidos das iranianas)!

Festa em Teerã.

Os iranianos não gostam de estrangeiros. - Super errado pensar isso! Os iranianos são um dos povos mais hospitaleiros que existem e adoram receber estrangeiros. Não é difícil acontecer de um iraniano convidar um desconhecido turista para tomar um chá em sua casa. E não estranhe também se eles quiserem trocar telefones, e-mails e tirar fotos com você.

Não há Facebook. - Oficialmente não há mesmo. Mas com as tecnologias de VPN, todos têm acesso e perfil no Facebook. Muitos estabelecimentos comerciais (lojas e restaurantes), ao invés de terem um endereço web na internet, preferem ter um perfil no Facebook (grátis e fácil de usar).

Não possuem tecnologias avançadas. - Especialmente na área de nanotecnologia e nuclear, o Irã tem tecnologia superior à brasileira. 


19 de março de 2012

Feliz 1391! Feliz ano novo Persa!



Já expliquei na postagem "Primeiros aprendizados" que o calendário por aqui não é o mesmo. O ano é contato a partir do evento da fuga de Maomé de Meca para Medina (que no nosso calendário aconteceu em 622 DC) e a virada do ano é festejada no dia da chegada da primavera, normalmente no dia 21 de março. Este grande dia de festividade chama-se NOWRUZ (que pode ser escrito de diversas formas no nosso alfabeto: noruz, norooz, etc), e significa: "dia novo".

O Nowruz é o grande feriadão do Irã que dura de 1 a 2 semanas, o primeiro para os estabelecimentos comerciais e o segundo para as férias de colégios e universidades. Tradicionalmente no Nowruz as pessoas trocam presentes, recebem uma espécie de "décimo terceiro" de seus empregadores e outras gorjetas de pessoas que dependam de seus serviços. Por exemplo: é comum dar um "presentinho" ao pessoal que te atende no banco ou em repartições públicas, ao pessoal que trabalha no seu condomínio, a sua faxineira que vem apenas 1 vez por semana, etc. Não raro, os presentes são moedas de ouro (que estão custando na faixa de 400 dólares) e um bom patrão é persuadido a ter um bom saco destas moedas para distribuir para seus empregados.

O feriado de Nowruz é a ocasião também para a "grande faxina". É quando os persas lavam seus inúmeros tapetes, retiram tudo dos armários para fazer uma grande limpeza e jogam muita coisa fora para comprar novo. Esta faxina deve ser concluída antes da virada do ano novo, para ter um ano sem coisas velhas e sujas dentro de casa.

Na madrugada da última quarta-feira do ano, há a tradição de soltar fogos de artifício, dançar, cantar e pular fogueiras. A idéia de saltar sobre o fogo simboliza deixar as coisas ruins para trás, queimar as doenças, e começar um ano novo com saúde. Enquanto pulam as fogueiras, cantam músicas que dizem "Meu amarelo é seu, seu vermelhidão é meu" o que significa "Minha palidez (doença, dor) para você (o fogo), a sua força (de saúde) para mim.". Um iraniano contou-me no dia seguinte que em sua rua as mulheres estavam sem seus véus festejando alegremente a grande festa do ano.

Mesa para celebração do Ano Novo Persa: o Noruz.
Mesmo com o governo indo a TV para explicar que estas festividades eram superstição (já que não possuem origem islâmica e sim da religião antiga persa: o zoroastrismo), as pessoas não parecem muito interessadas em seguir estes "conselhos". O Nowruz está por tudo, no comércio, nas casas e nas ruas.

Falando em enfeites, o grande simbolismo do Nowruz é uma bela mesa montada com diversos elementos, cada um simbolizando algo positivo para o novo ano. Regra básica é ter (pelo menos) 7 elementos que comecem com a letra "S" (ou " ") no alfabeto persa. Os mais importantes são:


Sabzeh - brotos de sementes.
Simbolizam o renascimento.


Serkeh - Vinagre.
Simboliza a idade e a paciência.



Samanu - pudim doce.
Simboliza a riqueza.
Seeb - Maça.
Simboliza a beleza e a saúde



Seer - Alho.
Simboliza o remédio ou a cura.
Somagh - Frutinha vermelha.
Simboliza o nascer do sol.



Senjed - Frutas secas.
Simboliza o amor.







Outros elementos começando com a letra "S" podem ser complementados:

Sonbol - flor que simboliza a chegada da primavera.
Sekkeh - moedas. Simbolizando a prosperidade ou riqueza.



Outros símbolos importantes são:


Espelho e vela simbolizando a felicidade e a iluminação.
Ovos simbolizando a fertilidade.






Uma laranja dentro da água simboliza a terra flutuando no espaço.
Alcorão representa o respeito pela religião.


Peixinhos dourados simbolizam a vida e o signo de Peixes.



Achou muito trabalhoso e espaçoso montar a mesa para o ano novo Persa? Não se preocupe! As lojas estão preparadas para te vender um "kit noruz" do tamanho de um prato de jantar:

Kit Noruz 1

Kit Noruz 2







Feliz ano novo! Noruz Mubarak!


12 de março de 2012

Expedição ao Monte Damavand


Um dos desafios a que me propus realizar no Irã era subir o Monte / Vulcão Damavand, um pico lendário, cartão postal, marca de água mineral, nome de estabelecimentos e ruas no Irã.
Fazer montanhismo no Irã é algo bastante popular, inclusive para muitos senhores e senhoras com cabelos já bem branquinhos. Há várias lojas de equipamentos específicos, inclusive uma região no centro de Teerã com dezenas e dezenas de lojas uma ao lado da outra só com artigos do ramo (montanhismo, esqui, etc).

Iniciamos os treinos específicos com quase 2 meses de antecedência, frequentando trilhas de 15 a 20 km de extensão, em altitudes de 3 a 4 mil metros. Em Teerã, este local de treino é de fácil acesso, visto que a cidade já encontra-se a quase 2 mil metros de altitude, e ao norte da capital há uma excelente cadeia de montanhas com um dos seus picos (Tochal) chegando a seus 4 mil metros. Nesta mesma montanha há um extenso teleférico que leva trilheiros e amantes do esqui ao topo. Alguns de nossos treinos resumiam-se a subir todo o pico a pé (levando de 6 a 8 horas) e a fazer a descida pelo teleférico, poupando nossos joelhos.

Para o Damavand, contratamos uma guia local para nos levar ao pico, e que após uma rápida entrevista concordou em nos levar em um pacote de 3 dias. Normalmente, para esportistas que vêm treinando apenas no nível do mar, é recomendado que a subida seja feita de 4 a 5 dias para uma boa aclimatação.

Nosso grupo resumiu-se a 5 elementos: eu, Rafael e Eduardo (nosso amigo brasileiro que também mora no Irã), juntamente com a guia e seu auxilia/ cozinheiro. O pacote nos custou aproximadamente 500 dólares por pessoa, com toda a comida inclusa, alojamento no acampamento a 4200 metros e orientações diversas.

Eduardo, eu e Rafael com o Monte Damavand ao fundo.


1o dia (19/08/2011):

Saímos de casa às 7 da manhã com destino à base da montanha. Para economizar nos custos, recusamos um carro para nos levar até o acampamento base, fato que quase nos arrependemos, pois foi com muito custo que conseguimos colocar todas as mochilas, mantimentos e garrafas d'água dentro do nosso "aparente espaçoso" Kia Sportage.
Em um lugar improvisado na associação dos montanhistas do Damavand, tomamos um reforçado café da manhã com direito a pão, geléia, queijo, café (com leite condensado - opcional), chá. Ali deixamos nosso carro e deste ponto em diante prosseguimos em um carro pouco convencional: uma lata velha que diziam ser 4x4, com direito a teto com neon azul e tela de LCD passando clipes de músicas nada islâmicas. Durante o trajeto, tentei me conter, mas não consegui deixar de solicitar ao condutor que reduzisse a velocidade especialmente nas curvas sem proteção alguma da estrada. Eu realmente não estava disposta a confiar que os freios iriam funcionar naquelas condições. E eu que pensava que passaria por algum risco só na montanha....
Chegando ao acampamento base, pegamos nossas mochilas e ficamos aguardando. Cada um recebeu um "kit lanche" para o primeiro dia na trilha: pepino, banana, pistaches, balinhas, suco em caixinha, além de uma garrafa grande de água que logo despejei no meu Camelbak.

Nosso "possante" 4x4 com neon interno no teto e tela de LCD com DVD.


Iniciamos a trilha apenas com as mochilas de "ataque" (pequenas) com o essencial (comida, casaco, câmera). As mochilas grandes com nossos sacos de dormir e roupas extras seguiriam com mulas até o acampamento a 4200 metros.
Devo dizer que este primeiro dia foi bastante tranquilo comparado com os treinos que vínhamos fazendo. Foram apenas 6 horas de trilhas morro acima. Na etapa final, já acima dos 4 mil metros, era evidente o aumento de esforço para vencer um pequeno trajeto, mas não foi nada demais e durante praticamente todo este primeiro dia, conversamos e contamos piadas.
Ao chegarmos no abrigo, quase me desesperei. Ao redor, centenas de barracas anunciavam a lotação do local. Entramos no alojamento e ficamos aguardando no frio refeitório. Já estava procurando um canto do refeitório onde poderia me encolher durante a noite, já que não havíamos trazido barracas. Porém, nada como ser estrangeiro num país hospitaleiro: o "gerente" do abrigo deu um jeito e nos colocou para dormir no depósito deles, um pequeno quarto cheio de colchonetes empilhados, sacos de dormir e garrafas d'água estocadas que deixavam o ambiente até bem quentinho e mais privativo que o grande salão com dezenas de beliches que já estava lotado. Senti-me super VIP ali. 

Acampamento a 4200 metros.



2o dia (20/08/2011):


Levantamos antes do amanhecer do sol para tomar café. Este seria o grande dia e comi bastante no café da manhã, estimulada também pelo frio da altitude. Engoli 2 aspirinas, só para garantir. Todos fizeram o mesmo (o ácido acetilsalicílico tem efeito vasodilatador, aumentando a eficácia da absorção de oxigênio).
A trilha era por um vértice da montanha, cheia de pedras e cascalhos soltos. Não fosse por este trajeto, prosseguiríamos por dunas de areia que nos prejudicariam na conquista do cume. Melhor por ali, segundo nossa guia. Porém, em muitos pontos, eu tinha que me concentrar apenas no metro de pedras a minha frente, pois olhar para os lados me dava vertigem. Os bastões de trekking mostraram-se essenciais para esta montanha!

Deixando o acampamento para trás. Já estávamos acima das nuvens.

Já de gorro e óculos de esqui.
Tentamos empreender o mesmo ritmo de conversas e piadas do primeiro dia, mas logo percebemos que isso não seria possível. Caminhávamos muito lentamente, e eu me concentrava para inspirar e expirar no ritmo de 2 passos lentos. Da metade do trajeto em diante, passei então a inspirar e expirar no ritmo de apenas 1 passo lento. Ninguém falava mais nada. O Rafael começou a sentir mais fortemente a altitude, tendo dores de cabeça e náuseas. A guia tomou sua mochila de ataque para aliviar seu peso, facilitar o avanço na montanha e diminuir o desequilíbrio. Era bastante perigoso (até mesmo fatal) qualquer escorregão ou "saída" da trilha. Também foi preciso fazer várias paradas extras para descanço, mas ninguém reclamou, muito pelo contrário.
Faltando uma hora e meia para alcançarmos o cume, nossa guia fez uma parada "oficial" para descanço e lanche. Nos advertiu então que a última etapa seria a mais difícil, com o solo transformado em pura areia fina e o ar infestado de gás sulfúrico. Não seria adequado fazer novas paradas neste trajeto.
Alguns dizem que o Damavand é um vulcão extinto, outros que está apenas adormecido; na minha opinião ele está é bem "vivinho" cuspindo sem parar este gás nojento para nos advertir que não deveríamos estar ali.

Último descanso grudados nas rochas.

Prosseguimos e logo percebi o grande esforço que estava por vir. Toda a minha mente estava focada em respirar, caminhar e seguir os pés da guia. Eu só olhava para o chão, no máximo a 3 ou 4 metros a frente. Olhar para o pico era mais um esforço que eu evitada nesta etapa final. Meus olhos ardiam muito, mesmo usando óculos de esqui, e começaram a lacrimejar. Esfregar o olho era pior, pois faria o pó contaminado entrar na cavidade. 
Eu conversava comigo:


"Concentração...
1 passo - inspira, expira
Esqueça os olhos. Eles vão ficar melhor depois que você sair daqui.
1 passo - inspira, expira
Ainda bem que eu vim sem lentes de contato.
1 passo - inspira, expira
Você tem que chegar. Falta pouco. Agora não pode voltar.
1 passo - inspira, expira
 ...
"
De repente a guia parou e sentou. Mas ainda não estávamos no pico. Faltava tão pouco...
Então entendi que ela queria que nós chegássemos ao pico antes dela, como uma última gentileza de montanha.
Fui em frente e os meninos colaram em mim. Faltava tão pouco e chegamos juntos.

Chegamos! Cheguei!  (...) Posso chorar agora?

Na cratera do vulcão com nossa adora bandeira.

Foram quase 11 horas até o cume. Batemos algumas fotos, apreciamos a cratera. (Não é que tinha um louco acampado bem no meio?)
Infelizmente nosso tempo no topo era curto, tanto pela altitude quanto pelo gás sulfúrico ou pela enorme descida que teríamos que fazer, preferencialmente, durante o dia.


A descida fizemos por outro caminho, pela parte de dunas, onde podíamos dar passos largos que naturalmente eram amortecidos pela fina areia. Mesmo sendo descida, durou uma eternidade, já que o trajeto era longo e estávamos bem cansados, especialmente o Rafael com a náusea de altitude.

No abrigo comemoramos com um jantar bem quente e brindamos no nosso quarto-depósito* com alguns goles de conhaque.


*nesta segunda noite tivemos a opção de mudar de local para dormir, mas preferimos permanecer no depósito, que era privativo e quentinho.


3o dia (21/08/2011):

Hoje não éramos obrigados a acordar cedo, mas queríamos ir para casa logo, ao encontro de um chuveiro bacana com água encanada quente. No Damavand banheiro propriamente dito é um luxo inexistente e a única água encanada disponível para higiene, era um cano de plástico vindo com água congelante da montanha que desembocava quase grudado no chão em meio a pedras.

Nosso depósito de dormir.

Banheiro (na casinha) e "pia" à esquerda (onde a menina está acocorada).


A grande demora de nossa descida neste 3o dia foi o atraso das mulas. Após o café da manhã, esperamos mais de 2 horas para finalmente iniciarmos a descida.
Nenhuma grande novidade nesta etapa de descida, apenas o fato de termos encontrado um grupo de umas 20 pessoas cantando e tocando em um determinado ponto da trilha.

Missão cumprida!




Dados técnicos do Monte Damavand:

  • Altitude: 5671 metros.
  • País: Irã
  • Maior pico do Oriente Médio.
  • Maior vulcão da Ásia.
  • Segundo maior vulcão do hemisfério norte.


Sites para maiores informações:

http://damavandmt.blogspot.com/
http://www.damawand.de/

8 de março de 2012

Turismo no Irã - dicas


Apesar de não ser um destino recomendado para os exigentes do conforto e dos destinos mais tradicionais como Europa e Estados Unidos, o Irã é um país com atrações únicas especialmente para os que gostam de história e de cultura diversificada.
Dentre as principais atrações encontram-se as cidades de Esfahan, Shiraz (de onde se vai para Persépolis) e Yazd. Há outras regiões não tão famosas para os turistas estrangeiros, mas de grande movimentação para o tursimo interno: Hamadan, Kish (ilha localizada no Golfo Pérsico), Mashhad, Tabriz e a costa do mar Cáspio com diversas cidadezinhas entre o mar e as montanhas.

Abaixo deixo algumas dicas para vir ao Irã:

Companhia aérea: várias empresas operam de São Paulo a Teerã. A passagem mais rápida, e normalmente mais barata, é pela Turkish Airlines, com vôos 4 vezes por semana e parada em Istambul. Há também vôos pela Qatar, Emirates, Luftansa, etc.

Roteiro: vai depender de quanto tempo você têm. Sugiro um mínimo de 7 dias para conhecer apenas a capital, Esfahan e Persépolis, com uma certa correria. De 10 a 14 dias é o ideal, podendo fazer um circuito triangular pelas principais cidades (Esfahan, Shiraz e Yazd), além da capital. Uma segunda sugestão é contratar diretamente uma das únicas empresas do Brasil que faz pacotes para a Pérsia com guia brasileiro: a Venturas.

Melhor época do ano: abril, maio, setembro, outubro. Tenha em mente que no verão é muito seco e quente (chegando aos 40 graus Celsius) e no inverno é muito frio (de -5 a 5 graus Celsius). Traga muito hidratante, protetor solar e protetor labial.

Fonte: BBC


Dinheiro: leve dólares! Cartões de crédito não funcionam no país, mas é possível comprar tapetes em lojas que possuem contatos em Dubai. O número do seu cartão é passado por telefone para o "primo" do lojista no outro país e ainda te cobram 5% sobre o valor da mercadoria. Qualquer outro tipo de estabelecimento NÃO ACEITA CARTÃO QUE NÃO SEJA DO IRÃ!!! E não há possibilidade de saque em caixas eletrônicos, nem envio de dinheiro via empresas como Western Union.

Câmbio: com a atual dificuldade de entrada de moeda estrangeira no Irã, para troca de dólar existe a cotação oficial dos bancos locais (sempre a pior) e a do mercado negro/ black market (muito melhor). Troque o mínimo possível no aeroporto e depois vá em casas de câmbio. A rua principal com casas de câmbio é a Ferdosi - no extremo norte desta (rua onde fica o museu das jóias, bem no centro), mas é possível encontrar algumas lojas espalhadas pela cidade. Informe-se com os locais. Depois nas compras, peça sempre os preços em RIALS, para que não te ofereçam a conversão na cotação oficial, pois neste caso você estará perdendo muito dinheiro.

Traga mala extra ou mala grande com espaço sobrando! Sério! Tapetes Persas são melhores e mais baratos que os da Turquia (para os que depois passarão por Istambul). Tipos de compras possíveis no Irã: tapetes, toalhas de mesa, machetarias, caixinhas pintadas a mão feitas de osso de camelo, cerâmicas, tabuleiros de xadrez, pistaches, tâmaras, damascos e figos (brancos e roxos) desidratados.

Preço dos tapetes: o mais simples e pequeno em torno de 100 dólares. Tapetes médios de lã de carneiro ou camelo (sem seda): em torno de 300 a 500 dólares. Tapetes médios de seda: a partir de 1200 dólares. Tapetes de seda "dupla face" (dois lados com desenhos diferentes): acima de 3000 dólares.

Livro guia de Viagem: Somente em inglês pelas editoras Lonely Planet e Bradt.

Hotéis sugeridos:

  • Tehran: 
    1. Sepehr Apartment Hotel
    2. Esteghlal Hotel (antigo Hilton)
    3. Homa Hotel - franquia com hotéis em  4 cidades do Irã.

  • Kashan:
    1. Manouchehri House - antiga casa tradicional e muito bem restaurada. O restaurante é excelente e vale a visita!
  • Esfahan: 
    1. Abbasi  Hotel - antigo abrigo da rota da seda transformado em hotel. Um dos hotéis mais caros do Irã.
    2. Esfahan Traditional Hotel - Tradicional e estiloso, só é complicado achar o hotel já que fica em um das ruelas do enorme bazar de Esfahan.
    3. Safir Hotel
  • Yazd: 
    1. Carvanserai Zein-o-Din - antigo abrigo da rota da seda restaurado e localizado no meio do deserto. Um pouco longe da cidade (1 hora de carro). Telefone: +98 351 824 3338 - zeinodin2003@yahoo.com
    2. Silkroad - estilo albergue, mas quartos não são coletivos. Banheiro individual. Ótima opção para mochileiros.
    3. Moshir-al-Mamalek Hotel Garden
    4. DAD International Hotel
    5. Laleh Hotel
  • Shiraz:

    1. Homa Hotel - franquia com hotéis em  4 cidades do Irã. 
    2. Niayesh hotel - mais tradicional, boa comida, mas com chuveiro no meio do banheiro (sem cortina ou box).
    3. Pars Hotel - não cheguei a ir neste hotel, mas é uma opção sem muito tradicionalismo.
    4. Persepolis Hotel
    5. Eram Hotel
    6. Arg Hotel

Agência de Viagens: há várias no Irã, mas sugiro 2 contatos que tenho usado.
  • Agência Mahoor Gasht Agency (Iran Persia Tour). Fale com Mohsen, que é um dos guias recomendados pelo livro guia Lonely Planet. Fazendo o pacote nesta agência, eles também providenciam a liberação de vistos (eles fazem a burocracia no Irã e te enviam o número do visto pronto com instruções, bastando enviar depois o passaporte para Brasília para finalização). E-mail: info@iranpersiatour.com
  • Agência Pardis Gasht. Fale com Amir. E-mail: travel@pardisgasht.com
No Brasil só conheço uma agência que faz pacotes fechados e oferece guia em português para grupos com 6 ou mais turistas:

Visto: Sobre o visto, o melhor é ligar para embaixada do Irã em Brasília, após obter dados mais precisos no site: http://irembassybr.com/.
Horário de atendimento pela seção consular: das 10:00 às 13:00, nos dias úteis, exceto os feriados oficiais da embaixadaTELEFONES:   (061) 3242-5733, (061)3242-5124, (061)3242-5915
A SEÇÃO CONSULAR ATENDERÁ SOMENTE AOS PEDIDOS DE SERVIÇOS FEITOS PELO EMAIL.
consular@irembassybr.com


Ligações telefônicas Irã - Brasil: as tarifas são bem pequenas. Mesmo com um telefone pré-pago você fala por um tempão com pouco dinheiro. No entanto no sentido inverso prepare o bolso. ;-P

Internet: disponível na maioria dos hotéis e nas residências. Alguns sites como Facebook e blogs só abrem com VPN (que desbloqueia os sites censurados pelo governo), sendo recomendável para os que não podem viver sem redes de relacionamento vir com uma VPN instalada em seu micro ou celular.


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