28 de setembro de 2013

Crime sério no Irã: derrubar árvores!



Assunto sério no Irã é o cuidado que o país tem com seus jardins, parques e árvores.

Derrubar uma árvore é crime e para não pagar multas altas, deve-se requerer autorização prévia das autoridades para cortá-las. Por isso, não é difícil encontrar ruas asfaltadas com árvores enormes crescendo no meio da pista. Alguns casos chegam ao fanatismo: ruas que só passam carros de pequeno porte porque uma árvore no caminho "engordou" demais o tronco...

As árvores, especialmente os plátanos (majoritariamente plantados na época do Xá), salvam o transeunte do calor extremo do verão. Além disso, embelezam a cidade, escondendo as enormes construções, muitas de gosto duvidoso, que se espalham de forma desenfreada pela capital.

Gosto das ruas de Teerã particularmente na primavera e no outono. A primeira com o verde ainda novo e brilhante, e a segunda com a força dos diversos tons de laranjas e amarelo.

Para manter esta floresta plantada pelo homem, as montanhas no norte de Teerã fazem o papel de grande "estoque de água" para sua irrigação. No inverno os picos da cadeia de montanha Alborz, de 2 a 4 mil metros de altura, se "abastecem" com neve. No verão a água do degelo é levada pelos milhares de quilômetros de canais construídos de forma engenhosa pelo homem: o declive da cidade proporciona o transporte natural da água pela força da gravidade. Canais idênticos e com a mesma função encontrei em Mendoza, na Argentina.

O Irã não é exemplo de ordem social e tem muito ainda a evoluir em termos de leis a serem respeitadas (especialmente em relação ao trânsito - leia aqui), mas é certo que algumas questões parecem estar mais avançadas, como estas das árvores. Quem deixaria de cortar uma árvores no Brasil com medo da multa?

Estradas são "divididas" por árvores.



Prédio recém construído aguarda liberação há semanas para cortar 2 árvores que ficaram bem em frente ao portão da garagem.

21 de setembro de 2013

Gatos persas



Gatos curtindo um sol ao lado de painel de azulejos persas.

Não há dúvidas que no Oriente Médio há uma grande população de felinos. Eles estão presentes em grande quantidade nos países islâmicos, dividindo a população (de humanos) entre os que os adoram e os que os odeiam.

No Irã isso não seria diferente e eles são lindos e gordos! O alimento a eles é dado pela própria comunidade voluntariamente ou involuntariamente, pelas lixeiras fartas de comida desperdiçada. Tradicionalmente, os pratos iranianos são enormes e com muita carne. Dificilmente iranianos dividem seus pedidos nos restaurantes (é tradição ter fartura) e o desperdício diário é de toneladas de alimentos. Assim, não é raro ver gatos pulando para dentro e para fora das lixeiras das ruas. Eles fazem a festa comendo do melhor: kebab!

A raça de gato persas é originária do Irã. Pêlos longos e macios são a característica mais presente. Já a cara achatada e o nariz minúsculo, não é tão evidente nos gatos de rua do Irã, pois é resultado de alteração genética da espécie pelos Europeus.

No islamismo, os gatos são bem vindos e apreciados (pela maioria dos muçulmanos), pois Maomé tinha um gato de estimação que muito adorava e seu nome era Muezza. Já o contrário acontece com os cães, especialmente os de cor preta, que seriam o diabo na forma de animal. 

Os poucos cães que vi no Irã, ou pertenciam a famílias iranianas mais ocidentalizadas ou eram cães de pastoreiros, em vilas remotas do país. Nenhum da cor preta foi identificado por mim até o momento em território muçulmano.


Pelos longos são uma das características marcantes dos gatos do Irã.
Gatinha persa no tapete persa.

Gatos persas famosos:

Garfield
Snowbell (desenho do Stuart Little)


Abaixo compartilho um lindo clipe com fotos e imagens do Irã, e com pinceladas de gatinhos persas.


14 de setembro de 2013

Kashan - a capital das casas tradicionais persas



Uma casa tradicional persa vista de fora decepciona a qualquer um. Não há nada para se ver, exceto paredes altas e sem janelas, e no máximo uma porta interessante.

É de costume persa esconder o que se tem de bonito. É também a justificativa para o uso do chador, a vestimenta mais religiosa, que cobre a mulher da cabeça aos pés por um lençol normalmente de cor preta: "a beleza das mulheres deve ser preservada dos olhos de estranhos" - dizem os mais conservadores.

Assim são as casas: o que há de bonito você vê por dentro. Normalmente as casas são amplas e com salas de visita enormes para fazer as recepções. Há também jardins internos com chafarizes e plantas/ flores. Os quartos normalmente ficam com as portas de acesso para estes jardins. Arcos ligam as colunas e janelas com vitrais coloridos cuidadosamente cortados dão mais um acabamento ao cenário. Dizem que estes vitrais coloridos espantam os insetos... Não consegui comprovar a teoria, nem entender a lógica. Mosquitos tem medo de cor?

Kashan é uma cidade no Irã com muitas destas casas tradicionais para serem visitadas. Elas foram construídas no século XIX, durante o reinado Qajar e do grande enriquecimento de comerciantes da região. Para quem gosta de arquitetura persa este é o local a ser visitado.

São inúmeras casas magníficas e muitas começam a ser restauradas. Há uma casa de de pequeno porte (1 pátio) finalizada e disponível para ao viajante como hotel: o Manouchehri hotel. A maior de todas as casas tradicionais, de nome Ameriha, está em fase final de conclusão: com 8 pátios, será certamente o melhor hotel boutique do Irã. O arquiteto Amir Anoushfar mostrou-me recentemente fotos do andamento das obras e muito otimista disse-me que espera inaugurar o hotel em até 3 meses. Veja o vídeo com o depoimento dele e imagens desta magnífica casa:


Outras atrações da cidade de Kashan são o enorme jardim Persa tombado pela UNESCO (o Bagh-e Fin), o Bazar, o um site arqueológico dos mais ricos do Irã ainda em andamento nas descobertas (Tappeh-ye Seyalk). Peças de mais de 4 mil anos A.C. estão sendo achadas no local e distribuídas para museus do Irã e até do Louvre em Paris.

Corredores do bazar de Kashan.

Teto do principal caravanserai do bazar de Kashan.

Vários antiquários vendem peças maravilhosas. O problema é garimpar e identificar o que é bom debaixo da poeira.


Onde se hospedar:

Manouchehri House - uma casa tradicional renovada com muito bom gosto para servir de hotel. Há um cinema construído na antiga cisterna da casa, uma gift shop e uma sala com teares enormes com artesãos tecendo panos de com fios de seda e de ouro. Tudo muito fotogênico. O restaurante do hotel também serve refeições para quem não está hospedado, mas faça uma reserva antes para que possam preparar a tempo os pratos mais sofisticados da culinária Persa.

Pátio interno do Manouchehri House.


Cidade subterrânea:

Nas proximidades de Kashan, na pequena cidade de Nushabad, há outra atração a ser visitada: uma cidade subterrânea construída pelos Persas para abrigar / esconder a população da invasão Mongol no século 13. Faz apenas 10 anos que o local foi descoberto e foi aberto ao público há apenas 5. Segundo um guia local, são 4 quilômetros de corredores subterrâneos, ligando diversos quartos, cisternas e banheiros. Além disso, foi construído com uma complexa rede de passagens interligando 3 diferentes andares com armadilhas para eventuais invasores! O acesso a esta cidade subterrânea se dava por diversas passagens existentes em algumas casas e locais de encontro da população.

Dica: Infelizmente, o acesso aos turistas é apenas em parte da cidade subterrânea e os guia locais falam somente farsi. Contrate um guia com antecedência para ter explicações mais detalhadas sobre o local.

Uma das entradas para a cidade subterrânea de Nushabad.

Uma longa escada leva os visitantes para as galerias subterrâneas.

No subterrâneo, corredores longos ligam quartos, banheiros e saídas diversas.


Em Nushabad, há também uma antiga fortificação para ser visitada.



7 de setembro de 2013

Abyaneh



Abyaneh é um dos destinos "out of the beaten track" no Irã.

Esta cidade (ou melhor vila), fica nas montanhas no caminho entre Esfahan e Teerã. A estrada apesar de estreita é asfaltada e o viajante passa pelas amedrontadoras instalações de Natanz, onde está um dos complexos de desenvolvimento de energia nuclear do Irã. Em hipótese alguma deve-se bater fotos deste trecho para não correr o risco de prisão ou penas ainda piores por acusação de espionagem.

Ok, então passado este pedaço de tensão política que está no caminho, você chega a Abyaneh, uma vila com moradores em extinção. Devido ao tamanho da cidade e ao isolamento, os jovens não moram mais no local, pois saíram em busca de educação e emprego. As poucas pessoas que ainda habitam Abyaneh estão, em sua grande maioria, acima de 60 anos segundo um dos locais me disse.

No entanto, nos finais de semana, é possível ver a cidade agitada: descendentes do local e turistas iranianos divertem-se vestindo as roupas típicas da vila e passeando pelas ruelas e casas típicas. Mulheres vestem saias até os joelhos, e blusas coloridas e brilhantes. O véu é geralmente com estampas de flores grandes. Já os homens usam calças largas, coletes grossos e chapéus. Em dias muito quentes, no entanto, os homens limitam-se apenas às calças típicas, aderindo às camisetas normais para não passar demasiado calor.

A cidade vista de longe tem a cor vermelho amarronzado. As casas são feitas com uma mistura de barro, pedras e palha, criando uma consistência forte, estudada por engenheiros de outras localidades.

Não há muitas atrações no local fora a vila, os trajes típicos e trilhas no entorno, mas vale um pernoite para passear e descansar.


Casas tradicionais.

Trajes típicos femininos.

Trajes femininos e rapaz com calça tradicional.


Corredores da cidade de Abyaneh.

Vista da cidade.

Trilhas nos arredores de Abyaneh.



Dicas de hotéis: há apenas duas opções de hotéis na região.

Viuna Hotel (casa tradicional) - www.viunahotel.ir
Abyaneh Hotel - www.hotelabyaneh.com

Hotel Abyaneh
Hotel Viuna

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