Uma casa tradicional persa vista de fora decepciona a qualquer um. Não há nada para se ver, exceto paredes altas e sem janelas, e no máximo uma porta interessante.
É de costume persa esconder o que se tem de bonito. É também a justificativa para o uso do chador, a vestimenta mais religiosa, que cobre a mulher da cabeça aos pés por um lençol normalmente de cor preta: "a beleza das mulheres deve ser preservada dos olhos de estranhos" - dizem os mais conservadores.
Assim são as casas: o que há de bonito você vê por dentro. Normalmente as casas são amplas e com salas de visita enormes para fazer as recepções. Há também jardins internos com chafarizes e plantas/ flores. Os quartos normalmente ficam com as portas de acesso para estes jardins. Arcos ligam as colunas e janelas com vitrais coloridos cuidadosamente cortados dão mais um acabamento ao cenário. Dizem que estes vitrais coloridos espantam os insetos... Não consegui comprovar a teoria, nem entender a lógica. Mosquitos tem medo de cor?
Kashan é uma cidade no Irã com muitas destas casas tradicionais para serem visitadas. Elas foram construídas no século XIX, durante o reinado Qajar e do grande enriquecimento de comerciantes da região. Para quem gosta de arquitetura persa este é o local a ser visitado.
São inúmeras casas magníficas e muitas começam a ser restauradas. Há uma casa de de pequeno porte (1 pátio) finalizada e disponível para ao viajante como hotel: o Manouchehri hotel. A maior de todas as casas tradicionais, de nome Ameriha, está em fase final de conclusão: com 8 pátios, será certamente o melhor hotel boutique do Irã. O arquiteto Amir Anoushfar mostrou-me recentemente fotos do andamento das obras e muito otimista disse-me que espera inaugurar o hotel em até 3 meses. Veja o vídeo com o depoimento dele e imagens desta magnífica casa:
Outras atrações da cidade de Kashan são o enorme jardim Persa tombado pela UNESCO (o Bagh-e Fin), o Bazar, o um site arqueológico dos mais ricos do Irã ainda em andamento nas descobertas (Tappeh-ye Seyalk). Peças de mais de 4 mil anos A.C. estão sendo achadas no local e distribuídas para museus do Irã e até do Louvre em Paris.
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Corredores do bazar de Kashan. |
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Teto do principal caravanserai do bazar de Kashan. |
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Vários antiquários vendem peças maravilhosas. O problema é garimpar e identificar o que é bom debaixo da poeira. |
Onde se hospedar:
Manouchehri House - uma casa tradicional renovada com muito bom gosto para servir de hotel. Há um cinema construído na antiga cisterna da casa, uma gift shop e uma sala com teares enormes com artesãos tecendo panos de com fios de seda e de ouro. Tudo muito fotogênico. O restaurante do hotel também serve refeições para quem não está hospedado, mas faça uma reserva antes para que possam preparar a tempo os pratos mais sofisticados da culinária Persa.
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Pátio interno do Manouchehri House. |
Cidade subterrânea:
Nas proximidades de Kashan, na pequena cidade de
Nushabad, há outra atração a ser visitada: uma cidade subterrânea construída pelos Persas para abrigar / esconder a população da invasão Mongol no século 13. Faz apenas 10 anos que o local foi descoberto e foi aberto ao público há apenas 5. Segundo um guia local, são 4 quilômetros de corredores subterrâneos, ligando diversos quartos, cisternas e banheiros. Além disso, foi construído com uma complexa rede de passagens interligando 3 diferentes andares com armadilhas para eventuais invasores! O acesso a esta cidade subterrânea se dava por diversas passagens existentes em algumas casas e locais de encontro da população.
Dica: Infelizmente, o acesso aos turistas é apenas em parte da cidade subterrânea e os guia locais falam somente farsi. Contrate um guia com antecedência para ter explicações mais detalhadas sobre o local.
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Uma das entradas para a cidade subterrânea de Nushabad. |
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Uma longa escada leva os visitantes para as galerias subterrâneas. |
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No subterrâneo, corredores longos ligam quartos, banheiros e saídas diversas. |
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Em Nushabad, há também uma antiga fortificação para ser visitada. |