A chegada / introdução a Riyade
Pouco mais de um século atrás, Riyade era uma pequena vila formada ao redor de um wadi no meio das dunas intermináveis da Arábia Saudida. A palavra "Riyade", significa jardim, e foi assim batizada pelo oásis verde que existia no local. Hoje a cidade é uma grande metrópole, sustentada basicamente pelo petróleo descoberto no país. De vilas pobres, o país tornou-se uma grande nação rica em poucas décadas. Os prédios impressionam e as marcas mais famosas do mundo estão presentes nos shoppings centers. Lojas de ouro, então, nem se fala! As sauditas adoram ganhar e comprar ouro, um dos poucos bens garantidos a elas na herança.
Há de tudo na cidade. Só não há mais água suficiente para todos. O antigo oásis não abastace mais que 10% do consumo da capital. O petróleo paga pelo processo de desalinização da água do mar e o posterior bombeamento até o centro do país. Assim a cidade prossegue em seu crescimento "artificial", já que seria natural que as populações estivessem concentradas no litoral.
Logo que cheguei em Riyade, recebi algumas abayas (manto preto comprido) emprestadas de uma amiga. Sem um exemplar do modelito não é possível circular no país. Mas diferente do Irã, na Arábia Saudita estrangeiras não usam véu. Fiscais religiosos bem que tentam impor o uso do véu, mas eles são poucos comparado com a enorme população de expatriadas que insistem em manter os cabelos a mostra. Durante a minha viagem pela Arábia Saudita eu não tive a "sorte" de encontrar nenhum destes religiosos e com meus cabelos ao vento recebi até elogios de mulheres sauditas que adoram um cabelo liso (a maioria delas tem os cabelos crespos).
Confesso que algumas diferenças culturais são bastante chocantes inicialmente. O fato de mulheres serem proibidas de dirigir é bizarro, mas várias notícias apontam que esta restrição cairá em breve. Não será uma vitória exclusivamente feminista; o fato é que os direitos trabalhistas estão se aprimorando no país, inviabilizando financeiramente as famílias de terem motoristas para as mulheres. Então a solução será mesmo liberá-las para dirigir por razões econômicas, isso sim.
Vida in-door:
Assim como o Canadá está preparado para o frio extremo, a Arábia Saudita está preparada para o calor, que pode chegar a temperaturas acima dos 50 graus Celsius no verão. Tudo é construído para ser in-door e com MUITO ar condicionado. A refrigeração é tanta, que só a abaya não dá conta de se proteger do frio. É bom levar um casaco extra na bolsa mesmo no verão, just in case.
Passear no shopping pode ser divertido culturalmente. Em muitos, há um andar somente para mulheres. Escadas e elevadores de acesso são controlados por policiais e após passar por esta segurança você chega a um verdadeiro "clube de mulheres". No andar exclusivo, mesmo as mais religiosas, tiram seus véus e desfilam com roupas ocidentais. Naturalmente, todo o serviço no local é feito por mulheres, desde as atendentes das lojas ao pessoal da limpeza.
Povo sério e repressor?
Árabes tem ótimo senso de humor e tive o privilégio de conversar com muitos deles em eventos privados. Eles logo engatam um bom papo, com muitas piadas divertidas. E as mulheres, não tem papas na língua entre elas, mesmo quando o assunto é de caráter SUPER pessoal. Estas mesmo mulheres que nestes eventos privados estavam de tubinhos justíssimos, maquiagem e salto alto, são as que nas ruas vemos de abaya e niqab (a vestimenta que deixa apenas os olhos de fora)! A sociedade saudita é intrigante!
Kingdom Tower - o maior e mais novo prédio símbolo de Riade. Neste há um shopping com andar exclusivo para as mulheres. |
Al-Faisaliah Tower - o primeiro prédio moderno que tornou-se símbolo de Riade. O complexo tem hotel, restaurantes, escritórios e um shopping center. |
As casas são pintadas em tons do "deserto": branco ou bege. |
Cidade vista do "sky bridge" da Kingdom Tower. |
Apesar da modernidade da cidade, o traje tradicional árabe é vendido e usado largamente. |
Esquerda: casa na cidade antiga que está sendo restaurada e eu no modelito "abaya". Direita: detalhe de lamparina na mesquita do museu Nacional. |
Querida Carol,
ResponderExcluirEstou AMANDO os seus posts!!! Sua leitura da Arábia nao poderia ser mais perfeita!! Excelentes fotos e esse texto acima me deixou sorrindo à toa!!! Foi maravilhoso compartilhar essa experiência com vc!! Saudades! Beijos e parabéns!!!
Querida Arlinda
ExcluirEsta minha experiência nas Arábias deve-se somente a você.
Obrigada pela sua gentil acolhida!
Beijo.
¡Muy buen post Carol! Ahora conocemos un poco más sobre otro de los países con más prejuicios como es Arabia Saudí. Siempre aprendemos cosas nuevas leyendo tu blog! Saludos!!
ResponderExcluirObrigada Fernando!
Excluir:-)