28 de abril de 2015

Gastronomia Norte-Americana: indo além dos hambúrgueres (sem esquecer deles)



Não há como evitar associar a comida Norte-Americana com os gordurosos bifes de carne moída, mais conhecidos como hambúrguer ou cheeseburgers (ou ainda "x-burguer", abrasileirando a palavra).
Sim, eles existem e fazem parte do cotidiano deste povo, mas não perca o seu tempo nas franquias tipo McDonalds e Burger King que você conhece (que particularmente são sujas e deprimentes nos EUA).

Há três franquias bacanas que eu já experimentei e que recomendo (em ordem da minha preferência):
  1. Shake-Shack - https://www.shakeshack.com/
  2. Five Guys - http://www.fiveguys.com/
  3. BGR - http://www.bgrtheburgerjoint.com/

Todos fazem parte da lista das 10 melhores franquias de hambúrguer dos EUA segundo um famoso site do país: http://www.thedailymeal.com/america-s-top-10-chain-burgers-slideshow


Presidente Obama fazendo um pedido de hambúrgueres no Five Guys.


Southern Food, Creole or Cajun Food - comida típica do sul dos EUA

A grande pedida original nos EUA é a comida do sul. Original e apimentada, a comida do sul pode ser encontrada em todas as regiões do país em restaurantes típicos sulistas. As palavras "creole" e "cajun" são associações aos temperos e origens. Não estranhe. Elas estão apenas identificando regionalmente o seu prato.

Dentre os maravilhosos pratos típicos cito:

Fried Green Tomatoes (tomates verdes fritos) - não é apenas o nome de um filme de 1991, mas uma entrada (aperitivo) bacana, onde os tomates verdes são fritos a milanesa e servidos com delicioso molho.

Shrimp and Grits (Camarões e purê de milho) - americanos não aceitam comparar o grits com polenta, mas é mais ou menos isso, para compreender melhor. O "purê de polenta" é servido com camarões e molho picante. Meu preferido!

Jambalaya - é uma espécie de paella americana. Mistura o arroz com uma série de frutos do mar com salsicha ou toucinho.

Gumbo - é um cozido servido com arroz. Um monte de misturas, pode ser feito com diferentes tipos de carne e sempre tem quiabo para engrossar o sopão.

Poboy ou Po-Boys - nada mais é que um sanduíche. O nome é originário da combinação das palavras "poor boys". No ano de 1929 operadores de bondes elétricos no estado da Louisiana fizeram uma greve e ficaram sem receber seus salários. Para alimentar estes operários, a comunidade entregava pequenas baguetes para os "pobres rapazes" que estavam famintos. O nome pegou.


Restaurantes de comida do sul em Washington DC:

Meus preferidos:

Bayouhttp://bayouonpenn.com/www/
Eatonvillehttp://www.eatonvillerestaurant.com/
Famous Daveshttp://www.famousdaves.com/home - fora de DC! Para churrasco americano!


Curiosos vocabulários para você aproveitar melhor os restaurantes nos EUA:

Entrées - todo turista confunde, inclusive europeus! No menu, quando você encontrar esta palavra, ela quer dizer "pratos principais" e não tem nada a ver com as "entradas" (em inglês "appetizers"). Este significado só existe nos EUA e Canadá. (Para saber mais clique aqui.)

Biscuits - não é biscoito para os americanos! Os "biscuits" são deliciosos pãezinhos fofinhos, normalmente servidos quentinhos no café da manhã com muito "gravy". A palavra neste conceito só é usada nos EUA e no Canadá. (Para saber mais clique aqui.)

Gravy - é um molho grosso, normalmente com sabor de carne ou frango.

Philly Cheesesteak (ou somente Cheesesteak) - famoso sanduíche da Filadélfia com carne fatiada e queijo.

Hoagie - também um tipo de sanduíche da Filadélfia. Não percebo muita diferença quando comparado ao anterior.

Sub (submarine) - sanduíche comprido "no formato de submarino" segundo os americanos. Mesmo formato que os 2 itens anteriores, no entanto, mas com nomes diferentes só para complicar.

BLT SandwicheBacon + Lettuce + Tomato: simples assim!

Club Sandwiche - é um sanduíche de pão de fatia.

Sliders - são mini hambúrgueres servido em "buns".

Bun - são os pães de formato de hambúrgueres, e que podem ser levemente adocicados.

Bagel - pão no formato de rosquinha.

Flatbread - nada mais é que uma pizza metida a besta. Quando aparece no menu, é com coberturas mais ousadas, tipo queijo brie com geléia de figo. Pizzas normalmente são mais "tradicionais", no esquema marguerita, peperoni, etc.

Brunch (Breakfast + Lunch) - São os almoços dos dorminhocos de final de semana. Um mistura de café da manhã com almoço. É super popular nos EUA nos finais de semana e é a desculpa para os restaurantes cobrarem 20 dólares por um omelete.

Mimosa - bebida comumente servida nos brunch. Trata-se apenas da mistura de espumante com suco de laranja.

Deli (Delicatessen) - nos EUA são fast-foods mais saudáveis, muitas vezes oferecendo saladas e sopas no menu.

Coleslaw - salada a base de repolho ralado. Muitas vezes é misturado com cenoura e maionese.

BBQ - sigla para se referir a "barbecue", o churrasco sulista.


Tomates verdes fritos (milanesa), com grits e gravy!

Barbecue americano no Famous Daves.

Coleslaw: a tal salada de repolho.

Bom apetite!


13 de abril de 2015

Guia rápido de Washington DC



Aqui vai um guia rápido do que eu acredito ser o melhor de Washington e arredores.


HOP-ON HOP-OFF

Há, pelo menos, 3 empresas diferentes de ônibus turístico que fornecem o serviço de "Hop on, Hop off" (os ônibus que você pode entrar e sair quantas vezes forem necessárias durante 24 ou 48 horas). Observe que normalmente há descontos quando comprados via internet e crianças pagam menos.

Big Bus Tours - 4 circuitos diferentes. Somente 1 circuito possui audios em diversas línguas.
Horário: 8:30 AM às 6 PM.
Custo: $ 43 (24 horas) e $ 54 (48 horas + Crime Museum e passeio de barco). Ambos incluem ticket para o museu de cera Madame Tussauds.

City Sights DC - 3 circuitos diferentes. Audio em várias línguas, inclusive português.
Horário: 9 AM às 5 PM.
Custo: $ 48 (24 horas) e $65 (48 horas + 5 ingressos a escolher da lista: Madame Tussauds, International Spy Museum, Crime Museum, Newseum, Bike and Roll Day Bike Rental, Potbelly Sandwich Shop - Lunch or Dinner, National Geographic Museum.)
Inclui Wi-Fi e tour noturno. 

City Sightseeing - 4 circuitos diferentes. Audio em várias línguas, inclusive português.
Horário: 9 AM às 6 PM. Frequência de 20 a 30 minutos.
Custo: $ 48 (24 horas + ingresso Madame Tussaut) e $ 59 (48 horas Madame Tussauds, Crime & Punishment Museum e passeio de barco). 


MUST-SEE (lugares que você precisa visitar!)

National Mall - é o grande parque da cidade, onde está a Casa Branca (um pouco deslocada da parte principal), o Congresso, os grandes monumentos e os principais museus. Do Monumento ao Lincoln (extremo oeste) até o Congresso (extremo leste), o Mall tem quase 4 quilômetros de comprimento.
Principais monumentos: 

Georgetown - é o bairro mais antigo e estiloso de Washington DC.
Passeie pela M Street (entre a 29 e a 35 Street) para aproveitar lojas e restaurantes. A Wisconsin Avenue (que cruza a M Street em direção norte), tem também lojas famosas como a Apple, Zara, Gap, Loft e outras pequenas Boutiques.

Georgetown Waterfront - a marina do bairro Georgetown. Linda vista e restaurantes com bons frutos do mar (o meu favorito é o Fiola). Há também locais para alugar caiaques e pranchas para stand up (http://www.boatingindc.com/). Passeios de barco também saem deste local.

Entre a M Street (Georgetown e o Waterfront) você verá o C&O Canal, construído no início de 1800 e operado por mais de 100 anos como principal meio de transporte para mercadorias (os barcos eram impulsionados por mulas, trazendo produtos do interior para a capital/ litoral). Hoje o canal é parque nacional e oferece mais de 300 quilômetros de trilhas ideais para bicicletas. Observe as comportas para elevar o nível dos barcos e levá-los "rio acima": o modelo é um pequeno exemplo de como foi pensado o Canal do Panamá.


MUSEUS

Bem vindo a cidade com a maior concentração de museus gratuitos dos EUA e talvez do mundo! OS melhores na minha opinião são:

National Air and Space Museum - GRÁTIS: museu aeroespacial, com muitos foguetes, aviões, e simuladores de vôo (estes são pagos). Interessante para qualquer idade!

National Gallery of Art - GRÁTIS: museu de arte absolutamente lindo! Visitas guiadas também são grátis (quase todas em inglês, mas também há em espanhol, japonês, etc)! Veja programação em: Guided Tours. Ao lado do museu há uma praça linda com esculturas, onde entre o fim do mês de maio e começo de setembro há shows gratuitos às sextas-feiras no fim da tarde (veja a programação em: http://www.pavilioncafe.com/jazz.html). No inverno, o lago central vira pista de patinação.

Hirshhorn Museum - GRÁTIS: Museus de arte moderna. As esculturas são intrigantes.

International Spy Museum - Pago. Museu para amantes dos filmes de James Bond, e de curiosos sobre organizações como CIA, KGB, etc. A gift shop é cheia de acessórios para iniciar sua carreira de espionagem. É um dos poucos museus em DC pagos.

Newseum - Pago. Muito interessante, é um dos museus mais interativos de DC, com 15 teatros e 15 galerias. Mostra a evolução do jornalismo e seus grandes marcos/ notícias. Para quem gosta de jornal, revista, fotografia, televisão, e mídias sociais.


Para uma longa lista de outras opções, acesse: http://washington.org/topics/museums



PARA CRIANÇAS (e adultos também)

Além dos já citados museu aeroespacial e o museu da espionagem, seguem outras idéias:

National Zoo - GRÁTIS: é o zoológico da cidade.

National Museum of Natural History - GRÁTIS: Origem das espécies, animais, dinossauros, etc.

National Geographic Museum - pago. Sempre tem exposições interessantes para adultos e crianças.

National Carousel - um pequeno carrossel no National Mall. Nada incrível, mas crianças pequenas parecem gostar. Custo: $ 3,50

East Potomac Park - este parque fica na mesma "ilha" onde fica o Thomas Jefferson Memorial. O local tem um mini campo de golfe, muita área para fazer piquenique, é seguro para andar de bicicleta. Na ponta oposta ao memorial de Jefferson há um playground.

Barco do Pirata - um passeio pelo Potomac River num barco de pirata. É importante fazer a reserva antecipada.

Roda gigante e carrossel do National Harbor.

Para mais dicas de atividades para crianças, acesse estes sites: Kid Friendly DC, Our kids, Washington Parent.


TURISMO POLÍTICO

US Capitol - O congresso americano. Visitas são gratuitas, mas precisam ser agendadas no site.

Supreme Court - A suprema corte. Há um vídeo explicando o sistema jurídico americano e um pequeno museu. Visitas somente em dias de semana e grátis.

Library of Congress - Biblioteca do Congresso. Informe-se sobre os horários dos tours guiados. São gratuitos.

White House Visitor Center - visitar a casa branca é quase impossível para quem não tem "conexões" por aqui. É preciso escrever para um congressista para ele incluí-lo na lista de visitas, que pode acontecer algum dia, de algum ano... Então se você quiser mesmo ter uma idéia de como é a casa por dentro, vá ao centro de visitantes. Há um filme de 14 minutos, fotos e souvenirs para comprar (óbvio!). Caso você vá a Casa Branca verdadeira para bater fotos, não deixe de ver os 2 lados da casa: nos fundos (na Pennsylvania Avenue) fica a área onde são autorizados os protestos políticos. Há sempre alguém com cartazes, cornetas, e até fazendo greve de fome por alguma causa.


MÚSICA

Kennedy Center - Teatro, dança, shows. Oferecem também shows gratuitos todos os dias às 18 horas. Veja a programação dos shows gratuitos aqui. Não deixe de ir ao terraço para ver a linda vista e talvez para tomar um drink por lá.

Bohemian Caverns - Um pub no subsolo que aparenta mesmo que você está em uma caverna. Jante aqui e aproveite os shows de Jazz. Veja a programação no site. Ingressos variam de 10 a 40 dólares.

Blues Alley - Ótimo local para jantar e assistir a um show de Blues.


BALADA/ RESTAURANTES/ BARES

A maior concentração de bares e restaurantes em DC ficam nas ruas: 14 Street NW e U Street.


Day trips (passeios nos arredores de DC):

Alexandria*http://www.visitalexandriava.com/
Uma pequena cidade nos arredores de Washington DC. Há acesso pelo metrô (linha Azul, estação King Street). Visite o prédio maçônico George Washington para uma linda vista do alto da torre. Caminhe pela King Street até a marina (2 quilômetros com ótimas lojas e restaurantes) ou pegue o bondinho que é gratuito (veja mapa aqui). Na marina recomendo visitar a Torpedo Factory Art Center, um enorme prédio com lojas e galerias de arte. E com um tempo extra, há ainda passeios de barco (vá até o outro lado do rio, para passear e comer no National Harbor).

Mount Vernon* http://www.mountvernon.org/
A 35 minutos de carro, aqui fica a Disneylandia de George Washington! Esta era a fazenda do primeiro presidente dos Estados Unidos. Como bons profissionais na área de entretenimento, os norte-americanos recriaram o local, incluíndo museu, sala de projeção, gift shop, praça de alimentação e figurinistas vestidos com roupas de época (até ferreiros trabalhando você verá). A casa é linda e a vista para o rio Potomac vale a pena.

*OBS: Alexandria e Mont Vernon podem ser feitos no mesmo dia, num ritmo de turismo mais rápido. As duas atrações ficam a apenas 12 km de distância uma da outra.

Luray Caverns http://luraycaverns.com/
A 2 horas de carro de Washington, aqui estão as maiores e mais populares cavernas do leste dos EUA. Com mais tempo, visite também as cavernas Skyline, bem como o parque Shenandoah para trilhas ou simplesmente para dirigir na cênica Skyline Drive, uma linda estrada em meio ao parque (especialmente bonito no outono).

Baltimorehttp://baltimore.org/
Além da linda marina, a grande atração da idade é o National Aquarium, um enorme prédio com 7 andares de pura atração marinha. As crianças vão a loucura neste mundo do Bob Esponja. Passando por aqui, não deixe de experimentar os famosos crab cakes e outras iguarias de caranguejo. Um dos restaurantes mais famosos da cidade é o Obryckis, mas para algo mais pitoresco e local, vá ao L.P. Steamers, onde você recebe um "balde" de caranguejos e martelos para fazer a refeição.
Baltimore fica a uma hora de carro de Washington DC. Há também a opção de ir de trem, que sai da Union Station.

Annapolis http://www.visitannapolis.org/
A cidade é cheia de prédio históricos, mas é fortemente conhecida por ser o grande "centro" de vela (veleiros) da região.

Harpers Ferryhttp://www.nps.gov/hafe/planyourvisit/index.htm
A pequena cidade às margens do rio Potomac fica em meio a uma reserva. O local é famoso para trilhas, ciclismo e atividades aquáticas, como bóia cross, rafting e caiaque. Para atividades como estas, uma empresa conhecida é a River Riders.

Leesburg Outlets - http://www.premiumoutlets.com/leesburg/
Para os amantes das compras, este outlet fica a 1 hora de carro de DC. Veja a lista de lojas no site.

Tanger Outlets http://www.tangeroutlet.com/nationalharbor
Mais próximo de DC, mas um pouco menor que o anterior.

Potomac Mills Outletshttp://www.simon.com/mall/potomac-mills
A 40 minutos de DC.

Six Flagshttps://www.sixflags.com/america
Uma das franquias de parques de montanhas russas mais famosos dos EUA. Apesar de ser um parque normalmente associado a adultos, há uma área especial para crianças pequenas. Anexo à área de montanhas russas, há também um grande parque aquático. Fica a 50 minutos de carro de DC.

Hershey Parkhttp://www.hersheypark.com
Este é o parque dos chocolates Hershey. Um pouco mais distante de DC, fica a 2 horas e meio de DC.


O congresso americano.



Alexandria do alto da torre maçônica George Washington.

O canal Chesapeake & Ohio conecta Washington DC e a cidade de Cumberland (Maryland)
por 300 quilômetros de lindas trilhas.

Vista do Waterfront - Georgetown para a Virgínia.


Ficou com fome depois de tanto turismo?
Você certamente vai gostar deste texto: Comendo bem e barato em DC!



Agradecimentos a Ana Helena Cummings por suas contribuições!


5 de abril de 2015

Protocolos para visitar a Coréia do Norte


Quando em Roma, faça como os romanos.

E quando na Coréia do Norte, faça como os locais também.

É preciso entender que os líderes (avô, pai e filho) são para o povo norte coreano como Deuses e que estão no poder pelo bem do país. Não há nada que possa ser mais ofensivo para eles que criticar os líderes. E neste contexto, você deve respeitá-los, tal como é natural para os ocidentais respeitar a rainha da Inglaterra. Faz parte do protocolo homenagear e saudar suas "figuras" (fotos, pinturas e estátuas). E estas figuras nunca podem ser fotografadas só "em parte": devem ser feitos registros "integrais" de suas imagens.

Cumprimentamos várias estátuas, conforme nos foi passado instruções. Também tivemos que comprar flores em alguns momentos para homenagear os líderes ou mártires. Cinco dólares o pequeno bouquet.

Segundo nos explicavam, devido a "alta capacidade intelectual dos líderes", estes fazem viagens pelo país, sempre sugerindo melhorias em todas as áreas (agrícola, elétrica, industrial, educacional, etc). E suas sugestões sempre trazem grandes retornos para a produção local, fato repetido por diversas pessoas na seguinte frase: "He gave guidance on the spot to bring us a better production, better result".

Para visitar o mausoléu dos 2 líderes anteriores Kim Il-sung e Kim Jong-il (avô e pai do atual líder Kim Jong-un) há muitas regras a serem observadas. O prédio é um dos maiores do país, e cada líder tem um enorme sala exclusiva, onde seus corpos repousam muito bem mumificados dentro de caixões de cristal no centro do grande salão.

É esperado que os visitantes vistam-se de forma elegante e formal, regra que não sabíamos. Muito decepcionados com as roupas que tínhamos disponíveis, nosso guia escolheu uma combinação de roupas muito incomum, tentando evitar os jeans, tênis e camisetas que tínhamos na mala. Eu fui de suéter, calça de trilha bege, meia branca e sapatilhas pretas (sapato que normalmente uso sem meias, mas meu guia disse que eu deveria cobrir totalmente os pés). Meu marido foi de camisa social, calça de moletom (eles acham isso mais adequado que uma sarja), e sapatênis.

Tivemos que esperar muito tempo para entrar, e dentro do prédio há enormes corredores com esteiras rolantes que demoram uma eternidade. Mesmo neste deslocamento, não podíamos nos encostar, colocar as mãos nos bolsos ou cruzar os braços. A instrução era: "Look smart".

Nas duas salas com os caixões de vidro, tínhamos que reverenciar os corpos dos líderes curvando-nos em suas direções. O cenário é tão surreal (a decoração, as filas longas, a forma como as pessoas reagem e até a música) que dá vontade de rir, mas não ousei fazer esta gafe. No entanto, quase não consegui me conter quando, no final do tour fúnebre, uma guia do local começou a contar as proezas dos líderes na forma de poesia, emocionando-se e caindo em choro com a história que deve contar dezenas e dezenas de vezes todos os dias. Ótima atriz!



A foto dos líderes é vista em todos os lugares: nas ruas,
dentro dos prédios e nos pingentes que todos usam em suas roupas.

Estação de metrô em Pyongyong.

Prédio onde repousam os corpos dos 2 líderes anteriores. Não é autorizado a fotografia dentro dele.

31 de março de 2015

Se você não é paranóico, vai ficar!


Sabe aquela idéia de que a Coréia do Norte vigia as pessoas o tempo todo? De que tudo é controlado e de que a veneração aos líderes é religiosa? Muitas coisas podem ser exagero, mas viajando pelo país eu comecei a ficar paranóica.

Os guias que acompanham o turista dão todo o tempero ao clima de espionagem (para começar, são sempre 2 guias que nunca trabalharam juntos, para se vigiarem mutuamente). Várias vezes, quando perguntávamos algo fora do esperado, a resposta, depois de longos minutos era "This is a secret.". Não tínhamos muita certeza se isso era uma piada ou se de fato os guias não tinham instruções de como responder a determinadas perguntas.

Um exemplo banal que ocorreu, foi quando perguntamos por que alguns carros tinham placas pretas e outro placas brancas. O guia não sabia se respondia ou não, então veio com esta bizarra resposta de que era um segredo. O toque especial é que ele realmente falava isso com cara séria. Não tinha um riso para relaxar ou para indicar que era piada. Mais tarde descobrimos por uma amiga que as placas com cores diferentes identificam se os carros são dos militares,  do governo ou de negócios.

Outras coisas estranhas aconteceram na viagem...

Logo que começamos a conhecer nossos guias, comentei que um amigo nosso tinha estado no país 6 meses antes e que tinha recomendado o turismo por lá. Prontamente, como se fosse a coisa mais normal do mundo, a guia puxou a foto deste amigo do bolso e começou a falar sobre ele e o grupo que ela tinha acompanhado. Medo! Ela já tinha uma ficha nossa com a conexão com nosso amigo!

Em outro momento, meu marido comentou comigo em português que suspeitava que ela estava com problemas de caspa, pois o cabelo estava cheio de "flocos" brancos. A guia, que a princípio só falava inglês (e muito mal), imediatamente passou a mão no cabelo, num claro reflexo de preocupação. Gelamos! Repetimos outro comentário deste tipo em outro dia e ela teve o mesmo reflexo.

Nossa primeira noite em Pyongyang foi em um enorme hotel, com diversos andares e centenas de quartos. Nada de especial, no entanto. Depois de retornarmos de um tour por outras cidades, onde ficamos vários dias, fomos colocados no mesmo hotel, mesmo andar e mesmo quarto!

Mesmo nos restaurantes, nossas mesas já estavam "escolhidas" e não podíamos mudar. No final da viagem eu já brincava com os guias que entendia ser difícil trocar as escutas de lugar.

Algumas vezes também nos esbarrávamos na enorme burocracia para andar algumas quadras em outra direção que não a planejada. Os guia precisavam fazer ligações, falavam sem parar, para então finalmente termos autorização para desviar a rota. Até para entrar num parque com quadras de esportes, tínhamos esta dificuldade. Nos explicaram que no caso daquele parque, era porque era uma área privada e teríamos que pagar a entrada. (!) "Mas isso aqui não é um país comunista!?"

E não se iluda ao achar que em meio às montanhas, numa remota trilha entre florestas e cachoeiras, você estará sozinho: do meio do nada, aparece um norte-coreano pedindo uns papeizinhos aos guias, como se fosse ticket de teatro.

Além disso, você anda pelo país e tem a sensação de que é invisível. Ninguém olha para você, ninguém fala com você. Só há interação com os seus guias e com alguns poucos que trabalham nas atrações turísticas. Há crianças que eventualmente expressam curiosidade, mas que rapidamente se controlam como os adultos. Isso me lembrou aquele episódio do "Homem Invisível" da séria "Além da Imaginação" da década de 80. Eu me sentia triste e depressiva com isso.


Episódio da série "Além da Imaginação": O homem invisível.


Meus queridos guias. Apesar da paranóia, eram boas pessoas e no final já faziam piadas conosco.

28 de março de 2015

Completando o tour Comunista! (os últimos 5 países comunistas)


Filosofando comigo mesma...


Recentemente me dei conta que conheci todos os países com governos comunistas (ainda vigentes no século XXI). A lista era grande durante a guerra fria, mas hoje são apenas 5 e confesso que todos diferenciam-se muito entre si numa escala pessoal de "adoraria morar aqui" até "se morar aqui certamente precisarei de anti-depressivos".

A importância de viajar, especialmente para países tão "diferentes", é que você com suas experiências sem depender do que a mídia apresenta, ou do que seus amigos de direita ou de esquerda falam sem terem ido a estes lugares. De longe, se você quiser ver só a beleza dos sistemas, assim você verá; bem como se procurar pelo fracasso destes governos, muitos argumentos terá.

Por isso, eu viajo procurando o bom e o ruim, esperando encontrar os dois para voltar com dúvidas. Acredito que as dúvidas são importantes para evoluirmos na tolerância e no diálogo dos diferentes. Certezas são o caminho para a discórdia e provavelmente das guerras...

Estes são os países comunistas do século XXI, de muitas polêmicas e debates políticos:
  • China
  • Coréia do Norte
  • Cuba
  • Laos
  • Vietnã

O comunismo na Coréia do Norte é "melhor": além da foice e do martelo, eles tem o pincel (inclusão dos intelectuais).



22 de março de 2015

Livros e filmes sobre Cuba


FILMES

Sem dúvida o filme cubano mais famoso é "Fresa y Chocolate" (Morango e Chocolate), de 1994.
Vencedor de diversos prêmios internacionais, o filme é vendido nas ruas de Cuba, seus cartazes estão expostos em sorveterias como a famosa Copelia, e a casa onde boa parte do filme foi cenário é hoje um adorável restaurante (La Guarida). Apesar da aparente liberdade na exposição do filme em Cuba, sua estréia em 1994 gerou polêmica, censura e prisão dos artistas por abordar os preconceitos da sociedade e do governo cubano à comunidade gay.

Coincidentemente, o também muito bom filme "Vestido de Novia" de 2014, tem uma das cenas retratando justamente os protestos da década de 90, contra e a favor do filme "Fresa y Chocolate".





Casarão do filme Fresa y Chocolate (o restaurante fica no terceiro piso)

Decoração do restaurante La Guarida

Sobremesa Fresa y Chocolate servida no restaurante La Guarida


Para outros filmes cubanos, recomendo a seguinte lista:





LIVROS

Literatura sobre Cuba há muitas, e infelizmente pouca coisa neutra. Ou é de admiradores do sistema socialista ou de dissidentes ressentidos com o regime.

Para uma visão histórica pré e pós revolução Cubana, sugiro fortemente o livro da autora americana Julia Sweig (também colunista da Folha de SP): CUBA - What everyone needs to know. Infelizmente o livro ainda não foi traduzido para o português. Mas se o inglês não for um problema para você, comece sua pesquisa por esta bibliografia que na minha opinião é bastante ponderada quanto ao governo Castro (apresentando aspectos positivos e negativos ao longo da história).

Outro livro interessante é o Cuban Revelations de Marc Frank.





Para outros livros mais na linha "anti-Castro", há 2 bastante populares e já traduzidos para o português. São eles:

A vida secreta de Fidel
Autor: Juan Reinaldo Sánchez, ex guarda-costas de Fidel Castro.

Fidel e Raúl, meus irmãos - a história secreta
Autora: Juanita Castro, irmã de Fidel e Raul Castro








19 de março de 2015

Turismo na Coréia do Norte. Sim! É possível!



"Eu fui e voltei viva!" - foi o que respondi a uma guia turística na Coréia do Sul, depois que ela zoou com a Coréia do Norte e disse seriamente que qualquer pessoa que tentasse entrar no país vizinho seria morta. Muito chocada depois que expliquei como foi minha viagem, ela confessou que não tinha idéia que era possível fazer turismo na Coréia do Norte.

Até hoje eu me divirto com os sul coreanos que conheço, comentando que visitei o seu país e a Coréia do Norte. Em todas as vezes eles acreditam não ter entendido para onde fui e preciso repetir e quase "desenhar" para eles o meu roteiro no país inimigo.

Ir para a Coréia do Norte não é trivial. Nem os sul coreanos sabem que é possível. São poucas as agências autorizadas que fazem o pacote, o visto demora e os custos são altos. Uma vez fechado o roteiro, o turista tem pouco (ou nenhuma) flexibilidade para mudar o itinerário e terá a companhia de pelo menos 2 guias norte-coreanos 100% do tempo. Todas as cidades, museus, restaurantes são previamente autorizados e controlados. Mas aceitando estas condições, o viajante terá uma verdadeira imersão em um dos regimes mais fechados e provavelmente mais sem liberdades do mundo!




Para fazer os pacotes, há 2 empresas com boa reputação:


Young Pioneers Tours - http://www.youngpioneertours.com/

Eu fiz o roteiro abaixo com a Koryo Tour, "encomendado" para incluir um dia de trilha e visita a algumas cidades que eu tinha interesse de visitar.

DAYAMPMHOTEL
0n/aPre-tour briefing meeting at 4pm at our office in Beijingn/a
1 (Fri 4thApril)n/aAir Koryo flight Beijing-Pyongyang from PEK Terminal 2 (time TBC). Customs at Pyongyang airport, meet Korean guides, transfer to hotel via Arch of Triumph, Kim Il Sung Square, check in hotel, dinner in cold noodles restaurantRyanggang Hotel, Pyongyang
2 (Sat 5th )Mansudae Art Studio, Pyongyang Metro (6 stations), Pyongyang Film Studios /OR/ you can visit the Korean War Museum and USS Spyship Pueblo (EUR 20 per person)Grand People’s Study House, Foreign Languages Bookshop, walk along River Taedong waterfront, Paradise Department Store and Micro-brewery, dinner in bibimbap restaurantRyanggang Hotel, Pyongyang
2 (Sun 6th)Breakfast, Mansudae Fountain Park and Grand Monuments (bow and lay flowers here – 5 EUR), Kumsusan Sun Palace, Revolutionary Martyrs’ Cemetery (bow and lay flowers here – 2 EUR)Lunch in hotpot restaurant, drive to Kaesong (2.5 hrs), Tomb of King Kongmin, Kaesong Koryo Museum and souvenir/stamp shop, check in hotel, dinner in hotel restaurant – option to try ginseng chicken (30 EUR) or dogmeat soup (5 EUR)Jannamsan Hotel OR Minsok Folk Hotel (sleep on floor in traditional way)
3 (Mon 7th )Breakfast, walk in old town, Panmunjom/DMZ, Concrete Wall, local park and pavilionTraditional pansanggi lunch, return to Pyongyang (2.5 hrs), Mangyongdae Native House, Juche Tower (5 EUR for lift to top), Party Foundation Monument, dinner in hotel restaurantRyanggang Hotel, Pyongyang
4 (Tues 8th)Breakfast, drive to Mt Myohyang (2 hours) International Friendship Exhibition, Buddhist TempleLunch in hotel restaurant, hiking in Manpok Valley, check in hotel, dinner in hotel restaurantChongchon Hotel, Pyongsong
5 (Weds 9th)Breakfast, drive to Wonsan (4-5 hrs with breaks)Check in hotel, lunch in hotel restaurant, central square, pier and docks, revolutionary site (old railway station), walk in Oriental Park, dinner in city restaurantDongmyong Hotel, Wonsan
6 (Thurs 10th)Drive to Mt Kumgang (2 hours), walk round Star Kumgang Lake (THERE IS A SURCHARGE OF EUR 25 per person FOR THIS AREA)Lunch in Moran restaurant, hiking at Kuryong Waterfall (possible to do up to 3-4 hours hiking here – stunning scenery), check in hotel, dinner at hotelKumgangsan Hotel, Mt Kumgang
7 (Fri 11th)Breakfast, return to Wonsan, visit local persimmon farmLunch in city restaurant, return to Pyongyang, Golden Lane Bowling Alley (winter months) OR Amusement Park (summer months) – 2-3 EUR per game/ride), farewell dinner in Duck BBQ restaurant­Ryanggang Hotel, Pyongyang
8 (Sat 12th)Breakfast, train departure at 10.40amCross border at 4pm approx, depart Dandong at 6.30pm, on through ChinaSleeper train
9 (Sun 13th)Arrive Beijing Railway Station at 8.30am, end of tourn/an/a

20 de fevereiro de 2015

Com ou sem anestesia?


O sistema de saúde nos Estados Unidos é bastante "peculiar". Eles não tem hospitais públicos e consultas médicas são absurdamente caras. Entre meus amigos estrangeiros, o ponto que eles mais citam como negativo nos EUA é a assistência médica.

Uma amiga sul coreana levou seus 2 filhos para o dentista. Eles estavam com muitas cáries e para fazer o orçamento das obturações, um dos itens "opcionais" era o uso de anestesia! Ela me contou muito chocada que com a "anestesia opcional" o orçamento para tirar as cáries de apenas um de seus filhos ficou em 700 dólares. "Na Coréia do Sul eu não pagaria mais de 50 dólares para um procedimento como este." - afirmou.

A minha experiência com a medicina até agora foi com os oftalmologistas. Eu precisava comprar novas lentes de contato e não aceitaram a minha receita do Brasil. Motivo? Não continha a indicação da MARCA de lentes de contato que eu tinha que usar. Argumentei que eu me adaptava a qualquer marca e que normalmente o preço era o fator decisivo, mas não teve jeito. Preço da consulta: 160 dólares! E você recebe receita separada para óculos e lentes de contato. A última "cereja no bolo" foi me avisarem que a receita "expira" em 12 meses. Então não adianta que eu não sinta necessidade de aumentar meu grau, se eu quiser novas lentes de contato no próximo ano, eu tenho que pagar nova consulta.

No berço do capitalismo, a sua saúde e sua vida são mais um produto a ser explorado. Dentre as bizarrices deste modelo, elenco o que me chama a atenção:

- todo intervalo de televisão tem propaganda de remédio. Começam informando das maravilhas do remédio, sugerindo que o paciente peça ao seu médico para receitar o medicamento e depois, da metade em diante, a propaganda é só advertências e efeitos colaterais possíveis lidas rapidamente e com o ator em lindas paisagens na natureza ou no seu lar com a família feliz. 
- quando não tem propaganda de remédio, tem de de seguro de vida e seguro saúde.
- quando não tem propaganda de remédio ou seguro, então tem de advogados que chamam clientes para processarem os médicos ou empresas farmacêuticas. 
- as farmácias são um festival de compre 2 e leve 3. Você entra para comprar uma aspirina e sai com um cestos de remédios. Está tudo a disposição nas prateleiras e quanto mais você compra, menos você paga proporcionalmente. 
- Para um mesmo medicamento, muitas vezes há diferenciação na quantidade do componente ativo. Ainda não aprendi a diferença de qual medicamento é mais forte quando tenho as opções: "Extra Strength", "Ultra Strength", "Maximum Strength", entre outras hipérboles. Tenho sempre que consultar as informações da composição para poder concluir qual é o mais forte.
Veja exemplos de medicamentos para dores musculares:

ADVANCED
EXTRA Strengh
MAXIMUM Strengh 
EXTRA Strengh
ULTRA Strengh

11 de fevereiro de 2015

Comendo bem e barato em Washington DC



Refeições saudáveis por até 10 dólares? Nos Estados Unidos?
Aqui vai uma pequena lista de franquias que eu adoro, baratinhas e saudáveis, fugindo dos hamburguers! Todas tem opções para vegetarianos e algumas são encontradas em vários estados dos EUA! Clique no nome do restaurante e entre no site deles para ver a localização e o menu completo.
Bom apetite!

Sweet Green - saladas - Você monta a sua ou escolha uma das opções sugeridas no menu. No verão, os washingtonianos adoram pegar a salada num pote ("to go") e apreciar a refeição nos parques.
Onde tem: diversos estados americanos.

Chop't - saladas - mesmo conceito do Sweet Green.
Onde tem: Washington DC e Nova Iorque.

Beefsteak - saladas - O nome é controverso e não canso de ver clientes indo embora depois de ver que o menu não tem absolutamente nenhum prato com carne vermelha.
Onde tem: apenas em Washington DC.

Pei Wei - asiático - O "small plate" deles é bem servido e custa em média 7 dólares.
Onde tem: diversos estados americanos.

Bibibop - asiático - você vai montando o prato com o que quiser. Dá até para montar um no estilo brasileiro: arroz, feijão, carne e legumes. Os molhos também são ótimos!

Protein Bar - saladas, sucos naturais, wraps, feijão e até açaí!
Onde tem: Washington DC, Colorado e Chicago.

Roti Mediterranean Grill - Mediterrâneo/ Oriente Médio - Arroz, vegetais, carnes ou falafel. Pratos bem servidos na faixa de 8 dólares.
Onde tem: Washington DC, Chicago e Nova Iorque.

Teaism - Japonês - Uma casa de chás, que serve café da manhã e refeições variadas, como noodles, currys, kebabs, sopas e até hamburgers. Mas o que eu adoro aqui são os "lunch boxes japoneses": saudáveis e com preços camaradas na faixa de 10 dólares.
Onde tem: Washington DC e Virgínia.

Mobi Dick - iraniano/ persa - fast-food de comida iraniana?! É o paraíso persa!
Onde tem: Washington DC e estados vizinhos.

"Small Plate" do Pei Wei.

3 de fevereiro de 2015

Curiosidades que você não sabia sobre os Estados Unidos


  • A onda do orgânico está em alta: comida orgânica, lavação a seco orgânica, mas tudo continua vindo em muitas embalagens de papel e plástico. Eles continuam sendo o país que mais produz lixo/ pessoa.
  • Bebidas alcoólicas como destilados são vendidos em lojas "especializadas", na maior parte das vezes identificadas com neons com a palavra "LIQUOUR". Nos supermercados, normalmente, você encontra apenas cervejas e vinhos.
  • Falando em cervejas, uma descoberta positiva é que o país produz cervejas muito além da marca Budweiser. Quase todos os estados tem cervejarias próprias com excelente qualidade.
  • Há uma grande compulsão por gelo neste país. Não há hotéis que não tenham máquina de gelo e nos restaurantes os copos chegam a mesa com mais gelo do que líquido.
  • Norte Americanos não tem "problemas", eles tem "desafios" (Challenge). Eles nunca usam a palavra problema no meio empresarial, político ou pessoal.
  • Os jornalistas fazem realmente um grande "show" com qualquer previsão de tempo um pouco mais atípica. Um ventinho um pouco maior ou uma neve acima do previsto vira grande catástrofe, fazendo todos correrem para os supermercados para estocar comida, água e baterias. Na maior parte das vezes, estas previsões de tempo não se confirmam, mas os canais de previsão do tempo faturam um dinheirão com os comerciais.

  • Na verdade, qualquer notícia é sempre um grande drama nos EUA. Tudo é superlativo e definitivamente não recomendado para pessoas com síndrome de pânico. Veja o vídeo abaixo com o comediante fazendo uma comparação entre a mídia norte-americana e os britânicos (somente em inglês):

  • Com receio de ofender e serem muito francos, norte americanos não falam mal diretamente de coisas ou pessoas. Primeiro fazem um elogio generalista e depois vão ao ponto negativo. Exemplo: "The party was ok, but ....", "Mary is nice, but..."
  • Curiosamente americanos também evitam a palavra "thousand" (mil). Para se referirem aos anos, falam os números de 2 em 2 (Exemplo: 1995 = nineteen ninety five). Para se referirem a número qualquer, tipo dinheiro, falam em centenas (Exemplo: 1995 = nineteen hundred and ninety five). E para se referirem a quantias grandes pagas, como a compra de um carro, falam na unidade de "grand" (Exemplo: o valor do carro foi de 19 mil = it costed me 19 grand).  
  • No país do "livre mercado", o que eu mais vejo são monopólios: CVS (farmácias), Starbucks (cafeteria), Wallmart (supermercado popular), Whole Foods (supermercado orgânico), etc.
  • No país das liberdades, você não pode tomar uma cerveja ou vinho (bebidas alcoólicas) num parque ou num restaurante ao ar livre (exceções ocorrem de acordo com a legislação de cada estado).
  • Muita coisa do que você não entende no inglês é porque estão usando acrônimos. Parecem palavras, mas são siglas que expressam até frases.

Exemplos:
POTUS: President of the United States - muito usado na mídia
Q&A: Questions and Answers - usado para informar quando alguém estará a disposição para perguntas e respostas (palestras, cinema - quando o diretor comparece, etc)
ASAP: as soon as possible
FYI: For your information
B&B: bed and breakfast (para hospedagens baratas, normalmente um estabelecimento familiar)
http://www.acronym-guide.com/

  • Norte Americanos não falam a palavra "sexo" (sex), exceto em contextos cômicos, programas de TV ou no cinema. Em conversas cotidianas, referem-se a palavra como "it" (Ex: "Let's do it", "Have you done it?") ou usam historinhas dos passarinhos e abelhas para explicar para crianças (Birds and Bees).
  • Não se fala por aqui palavras que trazem "má sorte" ou que sejam politicamente incorretas, especialmente na mídia. Para se fazerem entender, eles usam expressões dos tipos abaixo, referindo às palavras "proibidas" pelas letras iniciais. Tem que estar a par do contexto para saber exatamente a que eles se referem:
"the A word" = asshole
"the B word" = bitch, bisexual
"the C word" = cunt
"the D word" = dick, damn, divorce
"the F word" = fuck
...
"the N word" = nigger
e assim por diante.

28 de janeiro de 2015

Por que não visitar países como Burma, Coréia do Norte, Cuba, Irã?


Talvez você queira esperar que estes países tornem-se uma "verdadeira democracia". Talvez você queira esperar que todos os problemas de direitos humanos sejam solucionados nestes locais. Talvez você queira esperar que os conflitos étnicos e religiosos cessem. Talvez você queira esperar que todas as formas de censura sejam coisas do passado, que os prisioneiros políticos tenham sido soltos e indenizados, e que os grupos repressores tenham saído do poder.

No entanto, talvez você devesse viajar para estes países agora mesmo! Viaje para estes países enquanto eles ainda não se tornaram globalizados, perdendo sua verdadeira identidade mantida pelo isolamento. Vá antes que as pessoas locais se acostumem com os turistas e percam a curiosidade por você, antes que elas se vistam com as marcas internacionais e que pensem como todos nós pensamos. Vá antes que eles corrijam o inglês dos menus de restaurantes e das placas. Vá antes que o país fique rico e feio, com lanchonetes do Mc Donalds e lojas que encontramos em qualquer lugar do mundo. Vá antes que os outros decidam ir também e que você perca a oportunidade de estar num magnífico monumento sozinho. Vá enquanto eles ainda tem o que nos ensinar, com suas experiências e visões de mundo diferentes das nossas!


Texto inspirado na reportagem "This is Myanmar's Moment" de Andrew Solomon,
para a revista Travel+Leisure de dezembro de 2014.

Em Myanmar (Burma) com centenas de templos só para mim!


22 de janeiro de 2015

O que os Estados Unidos tem em comum com Arábia Saudita, Irã, Iraque, China e Indonésia?


Esta semana, um dos assuntos mais discutidos foi a pena de morte. A Indonésia não atendeu aos apelos do Brasil em prol do perdão do brasileiro preso na Indonésia por tráfico de drogas e condenado ao fuzilamento. Morreu certamente em fração de segundos, depois de passar anos na prisão esperando o dia da execução.

A história é polêmica entre brasileiros, e nem quero entrar na questão do certo e errado. Só quero questionar o seguinte: por que a pena de morte nos Estados Unidos não é vista com o mesmo horror? Por ser feita de maneira mais civilizada?

E dentro deste conceito de civilizado, você sabia que os EUA são o único país do ocidente "civilizado", "livre" e "democrático" que pratica rotineiramente a pena de morte? Não há nenhum país no continente Americano que utilize a pena capital para crimes comuns e muito menos na quase totalidade dos países do continente Europeu (exceção para a Bielorussia). Nem mesmo a Russia, "vilã" da Guerra Fria e dos tempos atuais, pratica a pena de morte.

Surpreso(a)?

Os EUA estão no mesmo grupo de países considerados "bárbaros", como Arábia Saudita, China, Irã, Iraque, e agora Indonésia. E nem adianta defender a injeção letal, afirmando que é um método que garante ao condenado uma morte instantânea e sem sofrimento... No ano passado (2014), foi noticiado no país do tio Sam que a injeção de um dos condenados "falhou", causando o sofrimento da vítima por várias horas em condições terríveis.

Outra surpresa é que a injeção letal é considerado o método oficial de aplicação da pena de morte nos EUA, mas várias outras técnicas foram usados até pouco tempo: eletrochoque (2013), fuzilamento (2010), gás letal (1999) e enforcamento (1996).
Para saber mais: http://en.wikipedia.org/wiki/Capital_punishment_in_the_United_States



Veja o fantástico show do comediante John Oliver sobre o assunto (somente em inglês):





O gráfico abaixo, mostra em vermelho os países que praticam a pena de morte com frequência:


   Abolido para todos os crimes
   Abolido para crimes não cometidos em casos excepcionais (como crimes cometidos em tempos de guerra)
   Forma legal de punição, mas não praticada nos últimos 10 anos.
   Forma legal de punição para alguns crimes.




Note que o Brasil não está classificado como um país totalmente livre de pena de morte. Temos previsão na Constituição para o uso da pena capital em épocas de guerra, que esperamos nunca passar por isso. Desde a proclamação da República, o Brasil nunca precisou usar desta lei.


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