Aqui começo um relatório do dia a dia da expedição que mencionei na postagem anterior.
Dia 1:
6:00 horas: entrega da bagagem (mala) não necessária para a expedição. Devidamente identificada, esta mala eu só revi no fim da viagem, na saída da trilha Bright Angel, em hotel que nos foi informado. Entreguei também a mochila e bastões de trekking para a saída do canyon pela trilha no dia 6.
6:00 - 6:30 horas: café da manhã no hotel.
6:30 horas: embarque em ônibus e 3 horas na estrada até Lees Ferry (a milha 0 do rio).
10:30 horas: briefing de segurança e comandos. Entrega dos coletes salva-vidas. Carga dos botes.
Tentei logo começar a fazer amizade com o grupo para me entrosar. Como mulher, viajando sozinha e numa expedição não convencional, logo despertei a curiosidade da maioria, o que me ajudou bastante a me entrosar.
2 horas de remo. Parada para almoço e mais instruções.
A líder dos guias era Kristin (30 anos) que depois de uma reunião coletiva pediu uma reunião "privada" apenas com as mulheres. Assunto da reunião: xixi! Ela começou já escancarando: "no one wants to see you pee!" Então explicou que teríamos banheiro montado apenas nos acampamentos (tipo um banheiro "químico" transportável), mas que nosso xixi durante a descida do rio e nas paradas teria que ser feito no rio (regras do parque: não pode urinar em solo), portanto, sem muita privacidade - melhor dizendo: na frente de todos. Observamos com atenção toda uma demonstração de técnicas de como baixar as calças mantendo as "partes escondidas". E nossa guia não deixou de imediatamente demonstrar ao lado de todos. Choque e constrangimento deixados de lado, todas entendemos as regras do jogo e logo estávamos fazendo nosso xixi tranquilamente ao lado dos botes encorados nas praias do rio Colorado.
A adaptação ao ambiente ocorre rápido! Primeira lição de sobrevivência aprendida. :D
Pós-almoço: mais remada . E no fim da tarde, quando chegamos ao acampamento do primeiro dia aprendi minha segunda regra de sobrevivência: quem desce por último do bote tem o pior local de acampamento. Meu bote de qualquer forma foi o último a atracar neste dia, e percebi que teria que caminhar bastante para montar toda minha tralha numa área limpa de mato, pedra e levemente "protegida". Tive que fazer 3 "viagens" entre bote e camping, carregando as sacolas (branca e azul), mais a lona e saco de dormir enorme (oferecidos pela empresa), mais colchão e barraca. Exausta e com as mãos levemente feridas, fiz o que todos na minha vizinhança fizeram: não arrumei a barraca e resolvi dormir sem abrigo mesmo, mesmo com o vento infernal que soprava a areia fina (um trabalhão para tirar as lentes de contato!). Também não tive tempo de pensar em escorpião, lagartos, formiga e cobras. Eu tinha coisas mais importantes para resolver: minha higiene pessoal, troca de roupas entre arbustos de espinho, me manter aquecida (o canyon se mostrou bastante frio), fechar bem as sacolas para não entrar bichos, comer e tentar dormir.
Depois da deliciosa e surpreendente janta, nem esperei a sobremesa. Me arrastei entre as dunas e a vegetação aproveitando os últimos minutos de claridade do dia para achar meu cantinho montado. Eram 20 horas e eu estava exausta. Mas quem disse que eu consegui dormir?
Botes atracados no camping do primeiro dia. |
Jantar: salmão, quimoa, salada verde com molho cranberry. |
Meu local de dormir na noite 1. O meu colchão e sacolas são os da direita. |
Xixi era jogado na água... E o numero 2???
ResponderExcluirhahaha
ExcluirO número 2 era lacrado no fim de cada dia e carregado rio abaixo para destiná-lo em fossas corretas só no fim da viagem. Imagina se o troço vaza, heim? :~)